Avisa que estou chegando, Pois a vida é... Mário Magalhães

Avisa que estou chegando,
Pois a vida é uma festa,
No mundo vou rimando,
Só isso que me interessa,

Perdi tempo vagando,
Achei que estava perdido,
Alguém estava me falando,
Parecia meio aflito,

Dizia que lua vem de noite,
Que o sol vem de dia,
E bem na minha fronte,
Uma luz que ainda ardia,

Era a luz de um farol,
Alguém estava dirigindo,
Depois disso ele me olhou,
Dizendo já vou indo,

Não entendi nada,
Fiquei parado pensando,
O que diz essa parada,
Que ele estava falando,

Vou ver se entendi,
Pra explicar para você,
Pra saber se aprendi,
Como é breve o nosso viver,

No começo o nascimento,
Hora de experimentar a vida,
Logo chega o tormento,
De vagar feito alma perdida,

Iludido pelas bebidas,
Festas e baladas,
Logo fui atendido.
Num hospital tudo calado,

Eu entendi que a lua,
Representa o silênciar,
Na vida sua,
Posso te falar,

Com certeza é uma promessa,
Pois vivendo como mudo,
A vida passa de pressa,
Podia mudar de assunto,
Mas isso me interessa,

Se nós falássemos,
E soubéssemos quando calar,
Com certeza iríamos,
Um terreno novo preparar,

Se soubesse se contentar,
Com o pouco que necessita,
Saberia o valor de amar,
E o de repartir sua comida,

Também cultivar nossas dores,
Para criticar a nós mesmos,
Pensar nos nossos amores,
E talvez percebessemos,

Que no jardim da vida,
Sabendo ser como a noite,
Planta, cuida e cultiva,
Enfrentando todo açoite.

Dentro de seu interior,
Sempre seguindo calado,
Para todo lado,
Com muito amor,

E logo vem o dia,
O sol se manifestando,
Quando raia a alegria,
Aquilo que ele tava falando,

Podemos sorrir,
Correr e brincar,
Deixar alguém ir,
Saber que vamos estar lá,

Parados sempre esperando,
Um retorno seu,
Quando nos ver faltando,
Talvez venha correndo gritando,

Mas aí já é tarde,
Havia acabado de morrer,
E com muito alarde,
Ele começou a se comover,

E entender pra sempre,
Que só quando tem vida,
É importante que se lembre,
Daquela pessoa querida,

Que vivia junto de você,
Pois logo a vida passa,
Talvez poderá se esquecer,
Que toda essa vidraça,

Quebra e esfacela,
O último suspiro,
Reúne todas as mazelas,
Enquanto agente respira,

Deve ser como sol poente,
Luz de alegria que aquece,
E chega a alguém doente,
Na terra que estremece,

Bem na sua frente,
O poder de uma prece.
Peça por toda essa gente,
Só Deus sabe quem merece,

O farol que ofuscava sua vista,
Era o carro funerário,
Que levando deixou pista,
Do seu etinerário,

Era sua última homenagem,
De sua vida,
Sua passagem,
Só de ida,

Ele iria para o cemitério,
Pra sua ultima despedida,
Pra mim isso é critério,
De chegada e partida,

O homem que tava falando,
Nada mais era que a vida,
Sempre lhe aconselhando,
Dessa mesma despedida,

O farol forte brilhando,
Lembrava seus amigos,
Que viam o tempo passando,
E sempre estavam contigo,

Nisso tudo vou querendo,
Entregando e me dispondo,
Que na luz que estão vendo,
Existe muito abandono,

De criança inocente,
Alguém preso sem culpa,
Perdido um indigente,
Pedindo por ajuda,

Tem mães solitárias,
Idosos jogados em azilos,
Tudo de forma contrária,
Dá até pra ouvir os tiros,

Da tal da metralha,
Que Deus nos possa socorrer,
Assim a bala falha,
E aumenta nosso viver,

Mas tudo isso pra que?
Pra viver sem Motivos,
Ou achar se absoluto,
No infinito viver,
Seguindo seus objetivos,
Passam horas e minutos,

Também dias e meses,
Falta esperança,
E em quantas vezes,
A sua ganância,

Vai lhe ludibriar,
Te dando tanto conforto,
Que o simples morto,
Vai dizer odiar,

E os anos ia esquecendo,
De falar de provas sombrias,
Mas vão passando vou vendo,
Por mim grandes dias,

E tudo é tão de pressa,
Que vejo a vida devagar,
Pra ver o que interessa,
Encontrar sentido pro mar,

Não sei se sento,
Ou me levanto,
As vezes tento,
Vou trabalhando,

Se deito e vou dormir,
Ou como uma coisa gostosa,
Mas isso tudo tem fim,
Veja só a prosa...