Que belo estrago tu fizeste hein? jamais... Maicon Rigon
que belo estrago tu fizeste hein?
jamais poderia imaginar isso
que ao mesmo tempo em que te amava
estava a sepultar algo dentro de mim
aquilo que de mais puro havia aqui
a leveza, a paz, e principalmente a esperança
tua crueldade marcou pra sempre minha vida
depois do furacão que recebeu teu nome
tentei em vão outras aventuras
rastejando por cima de camas
sentindo o gosto de outras bocas
o calor de outros abraços
e a ternura de olhares puros
tentei, tentei e tentei
fracassei
nunca fui homem de uma só noite
sempre tive sede de histórias duradouras
tentei iniciar algumas
mas algo está me bloqueando
algo morreu dentro de mim
e você é a principal suspeita do crime
como explicar que nada mais existe aqui dentro?
como vou explicar à mim mesmo que não sou mais capaz de amar?
estou me tornando um covarde
estou me tornando igual a você
justamente aquilo que eu mais condenava
permitindo que alguém se aproxime de mim
mesmo sabendo o triste fim de cada mini-história
mesmo sabendo que não haverá correspondência alguma
acho que aprendi como surgem as pessoas frias
de hoje em diante irei respeitar os corações de pedra
pessoas frias não têm passados fáceis
ninguém se torna frio por querer
ninguém destrói sua sensibilidade de uma hora pra outra
é uma junção de pequenos terríveis e cruéis acontecimentos
não sei como será daqui pra frente
talvez eu me torne um velho rabugento
no corpo de um cara de 24 anos
ou um alcoólatra que não suporta a possibilidade de estar sóbrio
um inútil covarde que buscará nas mulheres apenas prazer
nunca acreditei em ressurreição
mas, se existisse, queria que renascesse em mim o que mataste
queria reencontrar a minha verdadeira essência
que está sepultada em alguma vala comum
em algum cemitério de sentimentos
mas finalmente aprendi
aprendi como se petrificam os corações
por falar nisso, por favor
poderia devolver o meu?