O canto condoído do adeus... Óh anjo... Rosemere Melo Sanginetto
O canto condoído do adeus...
Óh anjo exímio da lira!
percursionista do anímico,
das minhas emoções ,eis o ventríloquo!
menestrel do meu desajeitado traço esquivo,
revolto na aragem ríspida do empírico,
vislumbrei-me com o auspício telúrico,
do que não cabe no manuscrito,
no dito,
no veredito,
no resquício de um olhar arredio,
os teus fonemas mais uma vez abrem fendas em negrito,
teus olhos cheios de mácula,tingidos de lilás e bordô,
nebulosa Eta Carinal,nebulosa de hélix,nebulosa de Órion,
todas se assemelham a superfície dos teus olhos
além do lúdico e do lógico,
além das garatujas do psicográfico,
você sabe ler além do somático?
o ortográfico é uma ferramenta obsoleta,
nem tudo se escreve de caneta,
pra quê letras,onde há a inata destreza,
de se fazer entender com a sutileza,
de um levantar de sobrancelha?
porque para o sulfite se usa borracha,
para o nanquim ou para a gramática,
se pode apagar a palavra,
mas os estigmas profundos d'alma,
quem pode apagar?
lágrimas não saem com acetato!
como deletar do cerebelo,
as projeções oculares e o receio,
de dores que submergem à úvula ,
angústias!
veladas entre os dentes,
o inconsciente não subtrai,
e o quociente é bruto,
e quantas vezes o orgulho calou travessões
e abriu parênteses entre nós dois?
lacunas vazias choram na lápide fria,
miserável fraseologia!
que não deixou sentido,só sujeito oculto!
Ó címbalo que ressoa no peito,não há no túmulo adjetivos,
nem títulos
ou pronomes de tratamento,
só há o réquiem de um último suspiro,
e antes disso,
quero contemplar o céu azul ferrete,
onde suas estrelas brilham como pérolas e zircônias,
como tules e rendas chantilly,
não existe feixe de luz mais rápido que o sentir,
por isso poucos sabem distinguir,
o fim do que não era,
e o começo do que nunca será...
eu pensei que fosse e nunca foi,
mas doeu como se fosse de verdade,
só a dor é real,
viroses passionais...
"se persistirem os sintomas,
ignore , não seja trouxa!"