Acho que sempre acabo em combustão... anavfxp
Acho que sempre acabo em combustão
Liberando calor por onde passo
Liberando sorrisos alheios
Enquanto os meus se escondem entre meus devaneios
Se eu pensasse menos
Quem sabe,
por dentro um dia estaria em paz
Quem sabe,
Deixaria de ser eu
Deixaria a vida pra trás
Seria isso maldição?
Viver como se a vida fosse uma grande reflexão
Como se cada momento me fizesse viver a vida com mais convicção
Dizem que nosso pensamento é livre
Impossível de controlar mesmo que te apontem um rifle
Mas é liberdade ilusória
Liberdade confundida com a felicidade de uma memória
Pensamentos fortes presos no passado
Ou na ilusão do futuro que nunca será alcançado
É sensação de algemas quando nas mãos se tem a chave
Sentimento constante de entrave.
É como se estivesse em uma cela no meio do mar
Com tudo envolta, mas impossível de enxergar
O pensamento nos prende
Mesmo sendo símbolo de liberdade
E quanto mais penso,
Mais me perco
Mais desapareço
Longe desse mundo
Longe do meu berço
Sempre quis fugir
Partir com quem me fizesse sorrir
E mesmo assim
Em momentos como esse me sinto como concha,
tão pequena
Morada de seres e pensamentos,
tão gigantes
Sinto todos os dias como se não fosse daqui
Uma órfã no mundo em que não nasci
Ou talvez eu seja tão daqui,
que tudo que consigo fazer é refletir
Talvez eu não seja tão estranha,
Seja apenas muito humana
Vivendo na esperança que me tirem do meu mundo
Me fisgando com um anzol
A caminho sol.
Se eu pensasse menos sobre o que sinto,
Talvez sentisse menos
Talvez seria menos
Talvez escrevesse menos
Talvez não confundisse matéria com amor
Talvez não sentisse a força da dor
Teria menos tempo para compor
Minhas batidas seriam iguais a dos demais
Me importaria com preços
E não com cartões postais
Hoje sou como grilo
Canta na noite
De dia desaparece com medo de ser enxergado
Por mais que por dentro sonha em ser lembrado
Canta sozinho na madrugada
Hoje sou como pássaro,
Pássaro solitário
Voa sozinho sem destino,
Sem calendário
Hoje sou como sou
Escultura inspirada por mãos confusas
Que me moldaram torta e desalinhada
Botando culpa em mim pela minha consciência armada