A estranhes da vida! A vida é tão... Lúcia Araújo
A estranhes da vida!
A vida é tão estranha.
Ao mesmo tempo que é imensidão, é, também, restrição, pequenez.
Ao mesmo tempo que é plena, cabal; é também, vazio, vácuo.
Ao mesmo tempo que luz, fulgor, é, também, escuridão, tenebrosidade.
Ao mesmo tempo que é altruísmo, abnegação é, também, egocentrismo, misantropia, indiferença.
A vida é tão estranha.
Ao mesmo tempo que é amor, ternura, sublimês, é também, ódio, aversão, desprezo.
Ao mesmo tempo que é indelével, flexível, é, também, contumaz, extinguível...
Ao mesmo tempo que é alegria, prazer, exultação é, também, dor, sofrimento, angustia.
Ao mesmo tempo que é sensatez, direção, circunspeção, é também, disparato, desequilíbrio, loucura.
A vida é tão estranha.
Um dia se é roseira. No outro, espinho
Um dia se é flor. No outro, dor.
Um dia se é orvalho. No outro, sequidão.
Um dia se é luz. No outro, escuridão.
Um dia se é amor. No outro, solidão.
Um dia se é o sujeito da oração. No outro apenas o ponto final.
A vida é tão estranha.
Um dia você se encontra. No outro, você se perde.
Um dia você pensa que ganha. No outro, você tem certeza de que nunca ganhou.
Um dia você se ilude, infinitamente. No outro, para seu desespero, se banha de lucidez.
Um dia você acredita que foi real. No outro, você percebe foi sonho e que foi tolo.
Um dia você parece estar em transe. No outro, você percebe que precisa acordar.
A vida é tão estranha.
E o amor que que você pensou existir entre dois, era apenas de um.
E a vida que você viveu a dois, só você viveu.
E os sonhos que você tinha, eram apenas seus sonhos.
E no caminho que que você caminhou sorrindo em par, só havia você, sempre foi só você.
E o que disseram para você, sobre te amarem muito, eram inverdades de alguém que não sabe o que é amor.
É tudo tão estranho.
E a dor é tão lancinante.
E o vazio que te espera, é tão imenso.
E o coração sangra de aflição.
Mas é hora de partir, seja como for. Seja para onde tiver que ser.
Porque o que você plantou nos últimos tempos, não te renderá colheita.
Mas uma imensa clareira árida, que se abre à sua frente. E o que restou? Perdas. 25/02/2019