Faça do autoamor a sua bandeira! No fim... Ana Paula Ramos

Faça do autoamor a sua bandeira! No fim das contas, pessoas vêm e vão, mas você fica. Trate-se bem. Trate-se com amor.

Há uma frase que eu gosto muito e que diz assim: “Não há inimigo fora de ti.” Em linhas gerais, talvez o segredo de tudo o que fazemos ou deixamos de fazer na vida não seja tão secreto assim. Está em nós. Em mim. Em você. Naquela pessoa que você encontra todos os dias no elevador, na fila do pão, no ponto de ônibus, na pista de caminhada, mas que você nunca perguntou nem o nome, muito menos olhou dentro dos olhos ao dar um bom dia (será que deu?). Porque é estranho. Esquisito. Desconfortável.

Assim como a grande sacada de tudo isso: é você o seu próprio vilão. É você o seu próprio herói. “Não há inimigo fora de ti”, lembra?
Ao mesmo tempo em que essa verdade liberta, ela dói. Porque às vezes tudo o que a gente precisa é de alguém – ou de alguma coisa – que nos livre da angústia de estarmos simplesmente com a gente mesmo. Já não experimentamos solitude. A roupa bonita e a casa arrumada só fazem sentido se formos receber visita ou se o plano é o de sairmos com alguém. Ir ao cinema sozinho, jantar sozinho, viajar sozinho, passear sozinho. Estranho. Solitário. Solidão. Será?

Eu só comecei a realizar os meus sonhos na vida quando eu parei de condicionar a minha felicidade a qualquer outro lugar que não esteja dentro de mim. Quando eu parei de culpar o outro pela forma como eu me sentia ou deixava de me sentir, pelas coisas que eu fazia ou deixava de fazer, pelas escolhas que, a bem da verdade, eram minhas, de mais ninguém.

Eu só comecei a efetivamente assumir as rédeas da minha vida quando eu parei de viver de “e ses” e de “quando isso acontecer, aí sim…” e passei a valorizar o agora.
Quando eu escolhi me amar e me respeitar apesar e justamente por causa dos meus defeitos. Quando aceitei e abracei as minhas vulnerabilidades. Quando entendi que sou falha, que não sei tudo, que não vi tudo, que não vou dar conta de tudo. E que está tudo bem.

Eu só comecei a viver relacionamentos mais saudáveis e mais empáticos com os outros – no amor, no trabalho, nas amizades, nas parcerias – quando aprendi a reconhecer e a exaltar o meu valor. Quando comecei a querer me arrumar e a me ver bonita para mim. Quando passei a enfeitar a casa e a mesa para mim. A cuidar do meu corpo e da minha mente para mim. A ser uma companhia querida e agradável para mim.

Sim, é válido e muito importante nos perguntarmos sempre: “Eu gosto de Fulano? Gosto da forma como Fulano me trata? Gosto de como me sinto quando estou com Fulano? Gosto de como me comporto? Mas, na mesma medida, será que você já se perguntou o quanto você se gosta? De que forma você se trata? De como você se sente quando a sua única companhia é você mesmo? De como você se comporta quando ninguém vê?”



Se você não se sente em paz com a sua própria companhia, confortável dentro do seu próprio corpo, preenchido com seus próprios silêncios, verdadeiro na sua própria pele, feliz simplesmente sendo você, sem máscaras, disfarces, justificativas e poréns, dificilmente você será uma boa companhia para alguém ou se sentirá confortável, preenchido, verdadeiro e feliz dentro do mundo, principalmente quando as necessidades de conexão e de pertencimento, inerentes ao ser humano, são tão grandes a ponto de nos afastar de nós mesmos, da nossa essência, dos nossos valores, das nossas buscas, de quem a gente realmente é.

Seja você a pessoa que você gostaria de ter como melhor amigo, aquela que você sempre deseja estar perto, que o faz sentir-se em que casa, que lhe traz paz, que lhe faz o bem.
No fim das contas, pessoas vêm e vão, mas você fica. Trate-se bem. Trate-se com amor. Você não precisa de ninguém para “salvá-lo” ou “fazê-lo feliz”.

Tudo bem, ninguém é uma ilha. É na conexão que nos reconhecemos e nos fortalecemos como seres humanos, mas você não precisa de nenhum salvador ou herói que não seja você mesmo. “Não há inimigo fora de ti.”