Enquanto meu corpo não trair meu... Natali Azevedo

Enquanto meu corpo não trair meu espírito eu seguirei.

E sem fraquejar, estarei em pé no mundo que eu desenhei.

E como em um sonho de amor, rogo para que os dois, corpo e espírito, permaneçam fiéis até o fim. É onde mora minha fé: na esperança da imaginação estar certa.

E assim caminho quieta para que nenhum mal me encontre, nem a arrogância me atropele.

Apenas no dia da minha morte saberei:

Me abandonastes ó Pai? Ou me resgatastes pelos pensamentos?

Ao Criador das flores, dos bichos, dos mares, dos campos, do céu, do Sol e de todos os astros, confio meu destino.

Quero estar no curso de quem sabe fazer beleza; não na boca dos enfermos a rastejar.

Como podem entender de Ti, se não enxergam teus olhos, doces a marejar? Sim, fizestes o mundo! E a terra na qual me deito, pequena a existir, eu sinto seu cheiro na manhã que nasce, é o cheiro do ar frio com o sol gelado e para o lugar onde ele me leva. Como eu não vou te amar?

Eu rejeito tudo que é feio e mal e me recuso a viver a vida como se não houvesse magia na nos sentidos e na natureza.

Enquanto a sorte quiser repousar no meio peito, eu serei brisa, até que ela me absorva e sejamos uma.

Mas a certeza, caro Pai, sei que não me pertence. A minha fé é um castelo de cartas e meu Ser a iminência de assisti-lo cair ou ficar.

O que fazer se a verdade é vento? Quem o pode controlar?

Assim, eu imploro: permita que eu morra em teus braços a te amar. E mesmo que não nos vejamos, existiremos.