A noite venta e ela inventa correr nas... Rosangela Cassimiro

A noite venta e ela inventa correr nas armadilhas do pensamento desenfreado.
Ainda perdida dentro do seu caos, olhando pra trás na sugestiva ilusão dourada, aquela que te entorpece no acaso.
Apresenta um comportamento falso, com sorrisos e alegrias, mesmo envolto a tristeza e tortura.
Tenta a liberdade como a ultima companheira de viagem, se desprendendo do convencional, da arrogância de ser feliz a todo custo, de esquecer seus sonhos em grande confusão.
Assisti ao anoitecer como quem foge do dia, e se esconde do sol, pois, não se permite nem por um segundo brilhar, mesmo que sozinha.
Distante de qualquer alegria e satisfeita por não acreditar mais.
Nada mais pode machucar, pois nada mais sente... Sem expectativa de olhar pro alto e se ver no outro, deixou as algemas de fogo que a prendiam e satisfez seu querer.
Poderia por um instante desistir dessa insana loucura de viver por si só, esperando tudo acabar, mas não se permitia alegrar, pois tudo que é bom frustra, se achava verdadeiramente forte em saber perder, sendo que já havia se perdido a si mesmo.
De frente ao espelho, garante que não aja espaço para esperança de se amar, pois nada pode fazer.
Já não aposta em grandes acontecimentos, vive com pé em raízes sem sair do lugar, paralisada pelo medo de avançar, prefere a solidão de si mesmo a multidões de pessoas com seu falso senso de felicidade.
Escolheu ser caos e escuridão, frio e ventania, arco-íris preto e branco, a água que se esvai sem propósito algum.
Sendo o não, parte de suas convicções mais profundas.
Ela desejava sair do mar de lama, quanto mais andava, mais afundava, o tempo está passando sem demora, já não é uma menina, mas gosta de pensar que ainda é.
Sua lembrança de criança, a leva até seu pai com um grande sorriso largo, aquele que mesmo distante sempre esteve perto, seu porto seguro, sua verdadeira luz.