O dia tinha sido pesado, a cabeça dava... Carina Barros FortalezaCE
O dia tinha sido pesado, a cabeça dava voltas e o coração apertado. Sento na rede e canto uma canção para nós duas. Ela ouve a minha voz, me olha com um sorriso no canto da boca como já soubesse quem eu sou. Em seguida vem aquele olhar mais profundo e atento que me enxerga para além da minha cor, roupa, cabelo bagunçado, rosto cansado de quem passou o dia realizando atendimentos e ouvindo histórias de pessoas invisíveis para o mundo, que dói, dói na alma. Desde os primeiros dias de nascida que ela tem essa mania de segurar os meus dedos, mas dessa vez veio de um jeito diferente. Ela segurou a minha mão com uma força e um afeto tão bonito, que por alguns minutos eu me esqueci de tudo que estava me afligindo naquele dia. [...] Como o afeto, a mão junta/estendida, o abraço e o olhar sem pressa nos salva de dias em que nos sentimos humanamente frágeis e sem esperança. Sim, pequena Ana Liz, precisamos de mãos unidas para continuarmos caminhando em tempos tão difíceis. Um dia, pequena da titia, todas nós voaremos alto, livres e felizes. Num mundo mais justo e humano, um dia...