*A NOSSA VIOLÊNCIA INVISÍVEL: O MEDO*... Carylson Pedro Gomes Alberto

*A NOSSA VIOLÊNCIA INVISÍVEL: O MEDO*

Por mais que lutemos...

Amar o próximo ainda continuará a ser uma missão impossível. Porque o medo nos faz desconhecer o amor.

Parece ser um paradoxo, mas todos nós praticamos inconscientemente uma violência invisível (outras violências), pois vivemos o medo todos os dias.

Já dizia Martin Luther King "mais grave que o ruído causado pelos homens maus é o silêncio cúmplice dos homens bons que aceitam a resignação do silêncio". Ou seja, quando nos calamos perante uma injustiça, somos cúmplices do mal. E a cumplicidade reside no medo. O medo obriga-nos a perder os sentidos da fala e da audição.

As circuntâncias da vida obrigam-nos a conviver com o medo. E é através do medo que o ódio entra nas nossas vidas. Pensamos simplesmente em nós (no "eu") e ao mesmo tempo acreditamos que para amar o próximo basta que lhe estendamos a mão.

Na verdade, ficar calado ao ver alguém a ser injustiçado é falta de amor ao próximo também.

Nós crescemos a temer o desconhecido.
Somos educados a conhecer e ter uma relação íntima com o medo.

Até na bíblia, somos educados a temer. As pessoas no fundo não amam Deus, as pessoas têm medo de Deus. Porque querem viver eternamente com a Salvação.

O medo é um dos grandes factores que nos fazem viver presos em nós próprios. A nossa "cadeia" reside em nós próprios.

Quando vencermos o medo de morrer, o medo de arriscar por um BEM PLURAL deixaremos de nos tornar limitados.

A violência maior actua de forma invisível e acreditamos que estamos perante um fenómeno de violência apenas quando se assume ter havido danos visíveis. Há danos invisíveis que fazem mais mal ao próximo que danos visíveis. E o medo é a principal arma deste mal invisível.

A título de exemplo, vemos jornalistas que não conseguem exercer perfeitamente a sua profissão que é ser "porta-voz do povo", porque obedece ordens superiores e porque também tem a sua família para sustentar e o "medo" de ser expulso obriga-o a não exercer a sua profissão com imparcialidade.

Muitos afirmam praticar a filantropia, mas são a favores da negação; calam-se perante injustiças; são contra a diferença; promovem o preconceito, etc.

Nós precisamos de mais escolas; mais investidores; mais projectos económicos; mais hospitais; mais quadros; mais emprego, etc., tudo isso é necessário, tudo isso é imprescindível. Mas, para mim, há uma coisa que é mais importante. Essa coisa tem nome: uma nova atitude, um novo pensamento, a perda do medo.

Se não mudarmos a nossa maneira de pensar e vencer o medo que nos faz desconhecer o amor não conquistaremos uma condição social melhor.

Poderemos ter mais escolas, mais empregos, mais técnicos, mais mercados, menos ambulantes a circularem nas ruas, mais hospitais, etc., se não tivermos atitude e mudarmos o nosso pensamento não seremos construtores do futuro. O amor é a base de todo o sucesso.

A grande resposta para todas as calamidades do mundo é a falta de amor ao próximo que vive preso no nosso medo e ao mesmo tempo abraça o ódio e abre portas para a ganância.

Com medo, é utopia dizermos que temos "amor ao próximo".

O nosso desafio é perder o medo de ter medo.

Carylson Alberto
02.11.2018