DESGOSTO Repentinamente o frio, teu... Leila Magh.

DESGOSTO
Repentinamente o frio, teu “corpo” encheu o ambiente, me inquietas, me tiras o sono.

Sinto tua aproximação, tu rastejas por entre as folhas secas, furtiva como uma serpente à espreita, tua sinuosidade me seduz.

Essa atmosfera sombria, me apavora.

O que queres de mim mercador da dúvida? Por que não descansas como todos os demais? Sussurra-me nos ouvidos, me dizes algo que não preciso saber.

Meu corpo estremece a cada palavra tua, a cólera se apossa do meu ser, não consigo acreditar no que vejo com teus olhos, dói meus ouvidos, a incerteza é agora a imperatriz suprema.

Era apenas a folha de um velho diário, manchado com café e, com forte odor de tabaco, com palavras que não consigo compreender, não me esconda o lixo, ele fede, se denuncia.

Mostra-me teu jardim, as tuas flores, as ervas daninhas e, os espinhos que cortastes com teus dentes, não me esconda nada.

Enxergo o oculto e, o inimaginável por meio dos teus pensamentos, escuto, mas não queria ouvir essa mensagem de falsidade, volta para teu umbral, alma penada, que a mim nada acrescentas.

Me deixa em paz com essa ilusão.

Se me escondes a verdade, não sei o que dizer, rogo a Urano, traga chuva, molhe a terra mais uma vez, faça minha semente germinar.

(Leila Magh, outubro de 2018)