Há dois modos reconhecidos de se... G.K. Chesterton
Há dois modos reconhecidos de se argumentar com um Comunista; e estão ambos errados. Há também um terceiro modo, correto porém não reconhecido. Ora, entretenho uma noção que, dentro em pouco, por uma ou outra razão, tomar-nos-ão boa parte de nosso tempo argumentações com Comunistas. E eu gostaria de esboçar, muito por cima, esta minha noção sobre o modo correto de fazê-lo. [...]
Ora, o argumento verdadeiro, cabal e final contra o Comunismo é que a propriedade privada é muito mais importante do que a iniciativa privada. Um batedor de carteiras representa a iniciativa privada, mas dificilmente diríamos que ele é um defensor da propriedade privada. A propriedade privada não é um suborno que existe apenas em função da iniciativa privada. Muito pelo contrário, a iniciativa privada é tão-só uma ferramenta ou arma que pode, por vezes, mostrar-se útil para se preservar a propriedade privada. E é necessário preservar a propriedade privada; pura e simplesmente por seu outro nome ser liberdade. Por um lado, longe de ser uma mera respeitabilidade convencional, é apenas o homem possuidor de alguma propriedade e privacidade que pode viver sua própria vida livremente. Por outro lado, longe de ser uma mera licença para troca ou, pior ainda, para a trapaça, todo o ponto da propriedade é que nela apenas pode crescer, naturalmente, o sentimento de honra. Precisaríamos de algum espaço para expô-lo aqui e pode ser que precisaríamos de algum tempo para expô-lo ao Comunista. Mas o Comunista ao menos haveria de dar-lhe ouvidos por mais tempo do que a um homem a meramente vangloriar-se de sua própria retidão ou avareza.
G.K.'s Weekly, 16 de maio de 1935 (Tradução Livre)