POR TRÁS DA FACE Não importa o que... Emily Bertoli

POR TRÁS DA FACE

Não importa o que tenha ou quem seja. Diante da loucura, não há inimigo mais perigoso do que você mesmo.
Em Nottingham, na Inglaterra, morava um dos homens mais ricos e influentes de todo o país. Não se sabia ao certo por que dentre tantos lugares, David escolhera se isolar numa das cidades mais modestas da Inglaterra.
- Com licença, senhor o jantar está pronto! - Disse um dos seus empregados.
- Obrigado, pode me servir aqui mesmo! - Sussurrou David.
Cansado de administrar seus bens e conhecer países, decidiu isolar-se em sua mansão, a fortuna já não lhe trazia felicidade, muito menos as pessoas consolo. Mantinha contato com sua família através das redes sociais, apenas para sua tranquilidade. Mergulhar em sua piscina e observar o balanço das árvores era o melhor momento do seu dia.
- Mãe estou muito bem onde moro, não pretendo me mudar!
- David o que aconteceu, me responda?
Transparentes como as águas de um rio, seus olhos verdes silenciaram suas palavras. Christa assim chamava a mulher, cujos cabelos representavam o fogo e a beleza, a paz que tanto buscava. Como uma salvação, estava na sua frente numa das páginas sociais que seguia.
- Olá Christa, obrigado por me aceitar na sua página!
- Imagina, não precisa agradecer David.
- Posso perguntar onde mora?
- Moro na cidade de Tréveris, na Alemanha. – Respondeu ela.
- Magnífico lugar, eu já tive a oportunidade de conhecer.
Christa carregava uma grande dor e indignação causada pelo seu ex-noivo, que a traíra na véspera do seu casamento, desde então, estava há dois anos presa em sua solidão.
- Boa noite Christa!
- Boa noite David!
- Dê uma olhada no seu e-mail, fiz uma montagem dos lugares mais belos do mundo.
- David eu amei, é incrível. Parece até que já conheceu todos esses lugares!
Dias e meses foram se passando e não havia tempo mais feliz que aqueles. Dormiam e se levantavam sempre ansiosos pelas suas conversas.
- Christa já se passaram oito meses, deixa eu te ver.
- David estou te esperando, durante todo esse tempo eu te amei. Nunca nos vimos, mas tem sido a única razão que me faz sorrir.
- Uma rosa vermelha, é assim que irei te identificar no restaurante que já fiz reserva para daqui dois dias.
- Chegará o momento que já não irei mais me surpreender com você, pois esse é o seu jeito de ser. – David, estarei usando um vestido azul.
Às vezes, a razão é a verdade mais cruel que devemos aceitar.
- David é você? Eu não acredito, esperei tanto por isso.
- Christa sou eu!
David havia aprendido com o seu pai todos os princípios que eram necessários para o caráter de um bom homem, e um deles era jamais menosprezar alguém pela sua aparência. Estava completamente extasiado, decepcionado ou até enfurecido, pois fazia
parte de um jogo, onde o fantoche brilhava por receber os comandos certos. Christa era o oposto do que representava ser, sua beleza não contemplava mais seu rosto.
- Christa irei te deixar em casa, no caminho conversaremos mais.
- Aceito apenas se houver um segundo jantar. – Disse ela.
- Então jantaremos amanhã, passarei na sua casa para buscá-la.
Em meio aquela grande decepção, não existiam palavras para compensar sua perplexidade.
Os oito meses não passaram de um grande sonho, o qual já estava acordado.
- Minha querida, sua sobremesa favorita, lembra?
- Estou tão apaixonada por você David!
- Linda e incrível não me enganei sobre você. Mesmo depois do choque, havia uma verdade no olhar, sua beleza interior reluzia tanto em seu rosto, que nada além daquilo importava.
- Amanhã novamente passarei em sua casa, tenho uma surpresa...
David preparara um jantar à luz das estrelas, com pétalas de rosas vermelhas jogadas no chão e taças transparentes que resplandeciam seu reflexo sobre a luz. Suas palavras, agora era um mistério até para si mesmo, fazia parte de um jogo de xadrez, podendo ficar ou descartar uma peça do seu adversário.
- Razão do meu sorriso!
- Meu Deus, o que significa isso? – Todo esse tempo estava apenas brincando comigo! – Bramou David, enfurecido...
- Houve uma época, em que a mulher que conheceu hoje, não existia. Meu noivo havia me traído, com ele levou todos os meus sonhos e planos. Revivi no instante em que o conheci, então precisava ter a certeza do homem que representava ser, por isso contratei uma pessoa para fingir ser eu. Você um dia foi meu sonho e hoje é a minha única realidade.
– Amor meu, me perdoe pelo o que fiz?
- Só se aceitar se casar comigo! – Disse ele.
Estava segurando sua rosa vermelha com o vestido azul que havia prometido no primeiro encontro, aqueles longos cabelos ruivos cobrindo os ombros resplandeciam o tom rosado em sua pele, expressando o olhar mais satisfeito e feliz sentido por alguém.
- Já havia aceitado em meus sonhos todas as noites! – Respondeu ela com um sorriso em seus lábios.