História das Sardas Não é nenhum... Pedro Roman
História das Sardas
Não é nenhum mistério de que o que eu mais amava nela eram as sardas. Obviamente ela tinha outros atributos, outras qualidades, olhar lindo que brilhava sempre que ela abaixava o rosto com vergonha, o sorriso no início da manhã e no fim da noite, mas tinha as sardas... ah se tinha. Na verdade eu ainda a amo, e ainda amo as sardas dela. E o que mais desejo são as sardas dela. Acredito que desejar algo ou alguém e não poder ter é uma das piores coisas do mundo. E a desejo mais do que tudo na vida. E desejo as sardas delas mais do que tudo na vida.
O engraçado é que o charme dela era a quantidade certa de sardas que ela possuía no rosto, não tinhas muitas, mas também não tinham poucas, era o suficiente, assim como ela suficiente pra mim. E as sardas dela se espalhavam pelo seu nariz de uma forma como as nuvens se portam no céu, deslizando suavemente se ambientando e completando um céu que já era perfeito.
Num dia como outro qualquer que decidi fechar os olhos eu senti a presença dela, os braços envolvidos nos meus, o corpo quente como a vermelhidão de suas sardas, seu cabelo cheiroso, que infelizmente tinha cheiro de sonho…
Quando acordei só conseguia lembrar do olhar dela, feliz porque quando fechava os olhos ela estava lá e triste porque o que eu mais desejava, não conseguia conquistar, me peguei olhando pela janela e tentando descobrir o porquê de eu não conseguir alcançar, até que percebi que as sardas são como estrelas no céu, e não dá pra alcança-las.
E toda noite, quando a solidão vem me visitar, caminho triste e lentamente até a janela e observo o céu repleto de estrelas e me lembro do seu corpo quente e do seu nariz repleto de sardas. Quem quer que seja que tenha criado o universo, sabe bem das coisas, criou o céu estrelado e a mulher com sardas, mas mal sabe ele, que são a mesma coisa.