Hoje a ventania foi tanta que quase eu e... fernanda de paula
hoje a ventania foi tanta
que quase eu e meus cabelos
fomos levados pelo vento
e ao colocar as roupas e a alma no varal
o vento resolveu passar com euforia
parecia um furacão
secou até as minhas lágrimas
que eu não tinha chorado
secou as mágoas do meu coracao dilacerado
secou os pensamentos imundos
que eu tinha lavado
secou minha pele que eu tinha hidratado
secou meus cabelos que estavam suados
secou minhas mãos que estavam molhadas
de tanto lavá-las, pois é sempre bom estar
com as mãos e a consciência limpa
secou meu corpo que estava encharcado
de sangue, que havia com o suor se misturado
secou, desidratou, enxugou
tudo o que estava precisado
me secou inteira, quando do fundo do poço
eu tinha saído
secou a minha vida que estava inundada
com tanta coisa errada
que eu havia feito ou desfeito
ao longo da jornada
secou até as folhas das minhas plantas
e levou-as para bem longe
me deixou com saudades
de quando o vento passava
e trazia o amor pra mais perto de mim...
...e depois de um certo tempo
fui recolher as roupas e tentar recolher
o que sobrou da minha pessoa
eu estava pelos quatro cantos da Terra
voava pelos ares à minha procura
nadava pelos mares à procura do meu amor
subia pelas montanhas em busca da terra prometida
que se abria em cova profunda
e me dava passagem pra felicidade eterna
se antes, eu não me queimasse no fogo do inferno
me ardesse em pecados sub-humanos
e finalmente o vento me encontrou
me recordou, me refrescou a memória
e a minh'alma que agora está alva
tão branca, que transparece a minha aura!!!