CALCANHAR DE AQUILES Deixe-me tocar em... Alvaro Cunha

CALCANHAR DE AQUILES

Deixe-me tocar em seu coração, deixe-me bater à sua porta... Não sou um estranho ao qual rejeitas e desconheces, mas sou alguém tão igual a você que também busca as respostas deste nosso louco viver. Também faço diversos tratamentos, desde os médicos até os espirituais, pois, minha vida é um eterno turbilhão de emoções e de contradições. Mas, é claro que sofro, se não sofresse, sequer estaria aqui escrevendo, preciso escrever para desabafar, uma vez que, a prisão da solidão me angustia e me faz desmoronar. Falo tudo isto é no sentido de que saibas que ninguém nesta vida terrena é perfeito, ninguém está acima do bem e do mal, todos nós fedemos, não acredita? Fica um dia de sua vida sem tomar um bom banho ou fazer a sua higiene pessoal. Por isso que o orgulho e a soberba são tão insignificantes que nem devemos perder o nosso tempo com bobagens assim e também não tenho piedade daqueles que assim são, isto porque, acredito que somos responsáveis pelos nossos atos e cada qual recebe da vida o que dá a ela em troca. Pode alguém também me provocar e perguntar: “Como alguém como você, que vai da euforia a melancolia em segundos pode aconselhar alguém?”
E eu posso me calar e nada responder, pois, não dizem que os verdadeiros sábios são aqueles que nada falam? Mas, não, prefiro escrever, assim me manifesto, exerço a minha dignidade, me exponho e mostro as pessoas que não há uma fórmula perfeita de felicidade ou de alguém feliz, próspero, bem sucedido ou inatingível. Todos nós temos o nosso calcanhar de Aquiles e o que devemos fazer é evitar simplesmente que nos atinjam em nosso calcanhar de Aquiles.
Simples, não? Não, não é nada simples, mas, quer um conselho? Esqueça o meu conselho e procure cuidar-se espiritualmente, ouvir somente a sua voz interior, a sua razão que é a sua intuição, sem medo de desagradar quem quer que seja, pois, nosso caminho é somente nosso e se não o caminharmos ninguém irá caminhar por nós.
Quer um exemplo de como somos sozinhos conosco mesmos? Quando ficamos internados ou em observação em um hospital, deitado em uma maca ou em um leito, estamos ou não sozinhos diante da multidão? O mundo simplesmente continua a girar lá fora, as pessoas vão e vem, a Bolsa de valores continua a comercializar suas ações e os políticos continuam com suas bobagens efêmeras, tão efêmeras como eles, e, nós, continuamos deitados esperando pela alta que não chega. Ah! Como tempo custa a passar e o quanto nos sentimos inúteis, um nada, como dizia a minha bisavó paterna, uma ameba do cocô do cavalo do bandido. Viu, como o nosso caminhar é somente nosso, pois, nem mesmo o seu pastor deixou de cobrar o seu dízimo fiel e necessário para a manutenção de suas obras sociais e da oferta ao seu Deus. Como se Deus precisasse de capital para perdoar alguém, se ele sequer se ofende, pois, quem se ofende é quem é mortal, vaidoso e orgulhoso em sua tola soberba. Então, faça como eu, extravase os seus sentimentos, sem medo de chocar ou de se chocar, no máximo vão lhe arrumar uma vaga em algum manicômio ou lhe crucificar como fizeram com Jesus, pois, o sistema não perdoa, ele é fatal e inquisidor. Mas, se tiver um pouco de sorte, talvez consiga um auxílio-doença no INSS como neurótico, já é um bom caminho, assim se alia ao sistema e se transforma em um transtornado obsessivo compulsivo controlado por remédios tarjas pretas e ainda remunerado.
Que tal? É uma boa dica? então aproveite e faça um bom uso dela, mas, não deixem que atinjam o seu calcanhar de Aquiles, pois, ele é só seu e o seu eixo central.