Não há lugar pra vida onde há morte... Rosangela Calza
Não há lugar pra vida onde há morte
De brilho destituída... sem vida.
Pálida, álgida... linda e mórbida... da vida subtraída.
Coração de gelo não mais se enternece com seu triste apelo...
Coração vazio – de vida –, desabitado...
Coração despedaçado.
Ele aqui onde se diz que a vida... num vácuo, na verdade,
Está a seguir só, mórbido... desesperançado...
Sua mão ao tocar a dela... como mil vezes antes, tremeu.
Cadê aquela corrente elétrica a que estavam acostumados?
A falta de vida... o poder da morte... quem a escafedeu?
Toca ele mais uma vez seus lábios de carmim... tantas vezes beijados...
Sente-os desbotados... não se movem... comprovam: está tudo acabado.
`Pobre moço triste’ - uma voz sussurra...
Ah Camões! Teu verso aqui cabe tão bem...
Oh! “Alma minha gentil que te partiste...’ por que partiste!?
Nunca antes havia achado a vida tão triste.
Nunca tinha vivido uma vida tão escura.
Um vento gélido soprou...
A morte o que da vida levou?
Um calor que não mais existe...
A morte o que da vida deixou?
Ele mórbido, entorpecido... de toda vida esquecido....
Segue a continuar... completamente sem sentido.