Quando nos conhecemos apenas por meio do... Mailon de Lara Vaz
Quando nos conhecemos apenas por meio do conteúdo, também pensamos que sabemos o que é bom ou ruim para nós mesmos.
Discriminamos os acontecimentos entre os que são "bons para nós" e aqueles
que são "maus". Essa é uma percepção fragmentada da unicidade da vida na
qual tudo está interligado, em que cada acontecimento tem seu lugar e sua
função dentro da totalidade. Contudo, a totalidade é mais do que a aparência
superficial das coisas, mais do que a soma total das suas partes, mais do que
qualquer coisa que nossa vida e o mundo contêm.
Por trás da sucessão de acontecimentos algumas vezes aparentemente
aleatórios ou até mesmo caóticos da nossa vida, assim como do mundo,
acontece de maneira oculta o desenrolar de uma ordem e de um propósito
superiores. Há um ditado zen que expressa isso de forma maravilhosa: "A
neve cai, cada floco no lugar adequado." Nunca seremos capazes de
compreender essa ordem superior pensando nela porque tudo o que
pensamos é conteúdo. No entanto, ela emana da dimensão sem forma da consciência, da inteligência universal. Ainda assim, podemos vislumbrá-la.
Mais do que isso, somos capazes de ficar alinhados com ela, ou seja, de atuarmos como participantes conscientes do desenvolvimento desse propósito superior.