Nada, não é nada. Perguntei a ela o... Álvaro Ronei Silva
Nada, não é nada.
Perguntei a ela o que havia
Mas ela nada respondeu.
Fechada em si mesma
Prisioneira de sua dor
Intrusa e incompreendida
Ela continuava a chorar.
Perguntei novamente
Mas de um jeito diferente
Sem ser indiferente como
Fazem tanta gente:
Hei, o que houve?
- Nada, não é nada não
Mas ela continuava a chorar.
E perguntei novamente sem saber
Do abismo que se formara entre
Mim e ela do outro lado da porta
Ou já quase no outro lado da vida...
-"Nada, não é nada, já não importa nada"
Quando o silêncio tomou conta e
Se fez tão alto seu motivo
Eu percebi que o que não era
Nada, era o motivo de tudo.
Porque eu nunca soube que nada
Fazia chorar.
Ela se foi...
Não ouvi sua resposta
Mas agora eu podia ouvir
No meio de tanto silêncio
O Quanto ela falava
Sem que ninguém tentasse
Ouvir.
Ali, no silencioso
Muito se ouvia...
Me ensurdecia o som que fazia
O grito de socorro
Que ficou no momento
De quem jazia
Agora quase fria.
E eu que podia ter tido a chance
De ver sorrir
Sem que precisasse partir
Àquela que só quis
Não ser estigmatizada
Ser escutada
Ser notada
Ser aconchegada
Ser ajudada sem se sentir culpada.