A BALA E A CANETA A bala e a caneta... ElcioJose
A BALA E A CANETA
A bala e a caneta
Tiveram uma treta,
Qual seria perfeita?
Qual seria careta?
A caneta fez sua graça,
Mostrando sua raça,
Como espingarda na caça,
Nenhum bicho faz pirraça.
Assino cartas e ofícios,
Faço prédios e edifícios.
Certidões de nascimento,
Diplomas e casamentos.
Solto e prendo,
Nunca me arrependo.
Receito e referendo,
Sei de cor o que estou fazendo.
Já assinei casamentos e divórcios secretos,
Medidas provisórias e decretos.
Faço a paz e a guerra,
É Deus no céu e eu aqui na terra.
Não importa a minha cor,
Mas a azul é predileta.
Não importa a roupagem,
O que importa é a mensagem.
Já escrevi o amor,
Já relatei o terror.
Estou na mão do professor,
Às vezes, na mão do delator.
Oh! Bala melosa,
Não venha com chorumelas,
Nem precisa acender velas,
É pudica e atrapalhada,
Anda sempre embrulhada.
Até agora fiquei calada,
Aguardei quieta sem dizer nada.
Sou bala doce e desejada,
Só ando na cor da moda.
Meus sabores se multiplicam,
Me derreto a quem me quer.
Sei que todos se deliciam,
Tenho o sabor que você quiser.
Entenda! Sou diferente.
Tenho o amor que vem na frente.
Mas a bala que sai da sua ponta,
É afiada, amolada e afronta.
Sua bala é criminosa,
Mata velhos e crianças.
Destrói a paz e a esperança,
O seu crime não tem fiança.
Sua bala é certeira,
Dissipa uma família inteira.
A mão que dispara o gatilho do desamor,
Tem por trás, um coração sem amor.
Élcio José Martins