TAÍS Ela chega através das fotos... Luciano Calazans

TAÍS


Ela chega através das fotos
Abraçada com o futuro está
Abarcada por incertezas triviais
Ela não foge às convicções

Em seu púlpito particular
Discursa em silêncio seus pesares
Abraçando o cinturão de Órion
Que surgiu de seu ventre

Ela, agora, sorri através da fotografia
Linda, como só ela sabe ser
A verdade vedada se traduz em cada gesto
Que erroneamente, parece-lhe servil

Sua natureza não é ser vil
O pai não é o universo, ela sabe.
A terra é sua mãe
Cheiro seu mato a milhas de distância

Fulano disse isso
Fulana é aquilo
Nada importa neste momento único

Os olhos caídos e cansados precisam da liberdade de ser.
O pai não é o mar
A mãe, tampouco

Posso sentir nela o que ela não sente no eu
Ego implacável e que descostura o tecido do amor servil e necessário.
Contradições de uma alma que ama...
Mas existe amor de verdade não contraditório?

O poeta usa um reles vicio como genuflexório
Para tentar externar a indizível vontade
De se reinventar — por e para ela.

Ela é tão linda
Dona de si
E o pai não é o universo
A mãe não é a única.

Ela é tão linda quanto qualquer hora do dia
E a alma é seu universo
E a barca que carrega orion
É seu porto.

Talvez um dia andemos juntos
Por entre alamedas de comunhão
Talvez?
Não.
Com certeza hei de vê-la sorrir
Não só pela fotografia virtual
Mas pela tão almejada felicidade real.

Ela sempre chegará.
O pai estará dormindo
E sonhando com o universo
Que é dela. Só dela.

Luciano Calazans. Praia do Forte, 13/10/2018.