Tem uma dor presa aqui, fazendo um... Valéria Teixeira dos Santos
tem uma dor presa aqui, fazendo um buraco que rasga com unhas afiadas e cara de quem quer ver a dor agonizante
tem um grito que não sai, está entalado; em quarentena, ele aguarda pela prisão perpétua
há mãos atadas, calejadas pelos carinhos distribuídos em peles com queratose pilar, não pelo excesso de queratina, mas por não conhecerem a reciprocidade
há olhos vendados por não suportarem a luz do dia
há corpos estendidos sobre camas, corta-luz nas janelas e portas trancadas
há alguém a implorar por socorro através de códigos, por não suportar o desacreditar no amor
mandem mensagens, liguem, façam-se presentes, quando souberem o que realmente querem
pessoas não são descartáveis, amor não é banal e palavras deveriam ser sempre verdadeiras.
vts