Cai em buraco Era tão fundo Que nem... Lupaganini

Cai em buraco
Era tão fundo
Que nem cavaco
Dava conta de puxar

E lá era escuro
Mas tão escuro
Que por mais maduro
Não conseguia enxergar

Minhas roupas rasgadas
Meu corpo surrado
Mostrava mesmo
Que era fundo o danado

Nada cooperava para a saída
Nada gelava minha investida
Que quente ficou
Quando o desequilíbrio fincou

Debati daqui
Debati dali
E fui amolecendo meu couro
Que me falaram vale ouro

E não abra mão
Mas eu coração de peão
Força de leão
Subi num cavalo alto

Me vesti de virtudes
Não me enamorei de vissitudes
Olhei horizonte afora
E a bondade de quem me namora

De longe a olhar minha vida
Não me dou audácia de meter
Falou calmamente
Estarei aqui quando você entender

Que o direito é direito
E não faz sofrer
Que o buraco fundo
Te faz tecer

Grandes correntes te amor
Grandes colchas de ternura
Enormes rotas para fugas de amarguras
E a gente vai e volta

Volta e vai
Até que com puxão continuo
Saímos da deflagração com mimo
E fortaleza de farol

Enxergando tudo de longe
Sem prejudicar
Sem se abalar
Sem vangloriar

E segue estrada
A certa não a errada
E vai na certeza que quem ama cuida
Nada esconde

Não arrepende
Não mente
Como demente a simular
Que o amor não gera tristezas

Gera a nobreza
A gentileza de entender o acabar
A ternura do formar
E a alegria do compartilhar

24/01/18