𝐒𝐞𝐠𝐫𝐞𝐝𝐨 Esparsados... AD

𝐒𝐞𝐠𝐫𝐞𝐝𝐨

Esparsados escuto os passos
A marchar sobre o cadafalso,
Marcam borrados os desacertos
Que camuflados disfarçam
A sombra espraiada sob os pensamentos.

Não saberei da morte prematura
Mastigarei os dedos descartados
Escarrarei a palavra incerta
Com as entranhas escreverei
A tripla santidade da vergonha.

Se me arrasto ainda é pela esperança
Que deixei escapar sorrateira,
Sem saber dos sabores que a vida trouxe
E eu não souber manter.

Queria saber o que fazer com as palavras
Se aos ouvidos só é dado saber
O que o mundo fala em segredo.
Segredo eu tenho que o mundo possa querer?
Duvidosa essa boca só cala.

Saber, não saber?
Viver, não viver?
Prefiro a questão que faça sonhar
A uma certeza que faça matar.

E quão certo está todo o mundo,
Sei não me chamo Raimundo,
Mas tenho a solução e a rima
Guardadas na palma da mão
Saberei transformar em canção?

Deixo às linhas meus nós, que na palma da mão,
Duvidam, tentam bradar o mesmo não,
Dos pesadelos que se vão pelos vãos
Breves, entre as horas que me assombram,
Esperança, utopias, ilusão.