Perdi meu eu Força ao caminhar, de mim... Paulo Tsuchiya
Perdi meu eu
Força ao caminhar, de mim carrego apenas o que restou. Restos de momentos que não vão voltar, restos de um sentimento levado pelo vento, levado para o além do horizonte. Eis aqui estou. A solidão é a única que me faz companhia, entre namoros fracassados e família distorcida, tu és a única que ficou. Não sei dizer o que sou ou o que quero, só sei senti-lá, como se dependesse de sua presença fria como essa noite. Teu abraço mórbido me protege daqueles que um dia me iludiram, e daqui do alto não escuto mais os carros ou as pessoas, pessoas que só deixaram a dor, e disso só me deu forças pra construir esse redoma. Minha fortaleza ilusória que se tornou prisão, e agora estou preso, exilado sem saber de mim. Diziam que as noites foram feitas para refletir, mas o que vou refletir se nada eu tenho a dizer? Não sou mais o mesmo e nunca serei de volta. Só me resta sentir saudade do que nunca tive e esperar que os dias não sejam tão fatídicos, e as noites não me machuque tanto. Se vocês virem meu eu por ai diga que o espero. Nesse plano ou no outro, mas antes vou terminar o cigarro.