A VERDADE DOS FATOS PREVALECERÁ Quando... Fábio Oliveira, engenheiro...

A VERDADE DOS FATOS PREVALECERÁ

Quando James Lovelock fala que a Terra é uma entidade vida, ele está se referindo a capacidade intrínseca da Terra de gerar vida. Refere-se à Terra e seus elementos químicos que geram, alimentam e preservam a vida em todas as suas manifestações. Também não é exagero se dizer que numa pequena quantidade de areia nas mãos há uma diversidade de vidas.

Existir não é estar em desequilíbrio, mas em equilíbrio com a diversidade. O universo e as constantes transformações estão sempre em busca de equilíbrio. Quando há qualquer desequilíbrio, seja por razões naturais ou antropogênicas, um novo equilíbrio é sempre buscado. Foi sempre assim e será sempre assim.

Não podemos confundir o processo homeostático com desequilíbrio. Não são processos semelhantes, embora possa existir alguma relação em casos específicos.

A resiliência deve também ser levada em consideração, pois sabemos que existe um limite para auto-regulação da natureza. No caso desse limite ser ultrapassado a natureza perde a capacidade de auto-regeneração, devendo acarretar incertezas (imprevisibilidades). Assim sendo, não é possível se saber as consequências.

Não é pelo fato de termos consciência de que vamos morrer um dia, que devemos negligenciar com a nossa qualidade de vida, com a nossa saúde e os valores éticos e morais. A mesma lógica vale para a natureza, pois pelo fato da Terra poder se tornar deserta ou desaparecer por algum fenômeno cósmico em algum momento na eternidade, não implica que não tenhamos a responsabilidade e o compromisso com a vida e as futuras gerações.

Não faz sentido se dizer que a Terra se vinga no sentido usual do termo. Quando se quebra algum equilíbrio, a natureza procura um novo estado de equilíbrio e é nesse processo que surgem as chamadas catástrofes.

Nada deve ser conceituado de maneira isolada, seja qualquer forma de vida, o planeta Terra e o cosmo. Tudo é interligado e interdependente.

Acredito que a manipulação esteja naqueles que querem manter o modelo vigente que destrói o nosso habitat, por um comportamento egoísta e uma visão ilusória da realidade. Precisamos ter muito cuidado, precisamos ouvir os que estão alertando para os graves problemas ambientais que já são comprovados, e precisamos ter muita determinação com aqueles que querem encobrir grandes verdades para continuar com um paradigma de desenvolvimento não sustentável.

A Teoria Gaia de James Lovelock não está desacreditada, muito pelo contrário.

Aqueles que querem destruir as nossas florestas, poluir os ares com suas chaminés, aterrar lagoas, sujar nossos rios e mares, destruir dunas, falésias e serras, com certeza trabalharão incansavelmente para torná-la sem credibilidade. Tem apenas um detalhe: o que fala mais alto não é palavra de James Lovelock, dos depredadores crônicos e nem dos ecologistas. O que prevalece é a verdade dos fatos, que já é percebida no mais diversos lugares da nossa Terra. A VERDADE DOS FATOS PREVALECERÁ, SEMPRE!

Os políticos agora é que estão despertando para a gravidade do problema, daí a razão de não termos medidas mais enérgicas sobre a questão. É bom que se diga que por traz dos políticos, os mais diversos interesses estão em jogo, mesmo que tragam prejuízos irrecuperáveis para diversidade da vida no nosso planeta.

O instinto de sobrevivência é inerente a toda manifestação de vida, já tentaram matar uma barata? Percebemos que ela corre, se esconde e entra em qualquer buraquinho para não morrer. Entretanto, a sobrevivência não deveria ser expressa pelas questões meramente econômicas da maneira que nos é colocada pelo modelo vigente.

Existem outras maneiras mais inteligentes de se trabalhar com a economia e com o instinto de sobrevivência. É ai que reside o grande dilema humano, pois conciliar economia, sobrevivência, meio ambiente, as questões sociais, etc. não têm sido interesse dos que tentam preservar a situação atual.

James Lovelock se enquadra no grupo de cientistas pessimistas com relação às soluções dos nossos graves problemas. Ele aposta que o caos virá com grandes traumas e sofrimentos para todos, só depois da experiência desastrosa é que teremos dias melhores. É uma maneira de pensar do ilustre cientista, que poderá ou não ter razão. Só tempo dirá.

No atual paradigma, nós estamos sendo educados não só para a compra da água, mas para vender a própria consciência, que é o mais grave e o grande causador dos graves problemas.

A maior destruição em nosso planeta não está sendo feita por terroristas ou os tiranos psicopatas, mas pelos que se submetem ao jogo sujo de modelo vigente.

Quando se faz opção pela vida, é necessário se construir uma sociedade que dê sustentação a vida. “Sociedade Sustentável é aquela que satisfaz suas necessidades sem pôr em risco as perspectivas das gerações futuras”, segundo Lester Brown. Diferente da sociedade do crescimento industrial sem limites e regras, a sociedade de desenvolvimento sustentável opera dentro da capacidade de seu sistema de suporte a vida.

Somente com mudanças profundas de percepção, de valores e da maneira de pensar poderemos salvar a vida na Terra e as condições para supri-la. Todas as previsões honestas dizem que o clima na Terra está aumentando. A sociedade industrial atual depende do consumo acelerado e ilimitado de recursos para se manter, o que é uma insanidade e é insustentável.

Os fatos falarão mais alto sobre a grave situação. Tal situação não poderá durar muito tempo pelo simples motivo de que a destruição dos recursos naturais se processa exponencialmente, e não têm tempo para se auto- regenerarem, pois o limite resiliente é ultrapassado.

Repito: a questão não é somente científica e técnica, mas acima de tudo de valores éticos, morais e espirituais. Quando me refiro a espiritualidade não quero dizer, necessariamente, religiosidade institucional, mas respeito, reverência por toda a criação.

Espero que a humanidade encontre novos caminhos e saia da escuridão, pois já dizia o poeta “A ESCURIDÃO TEM VIRTUDES MISTERIOSAS”. Que bom que é assim!