Hoje eu só queria a leveza de um gostar... Carvalho, J.
Hoje eu só queria a leveza de um gostar simples. Um gostar daqueles que acalma a alma.
Eu queria você. E nossa sinceridade. Sem esses joguinhos chatos que as pessoas costumam usar nos dias de hoje. Inclusive – como diz Ana Jácomo – “essa tua intensidade toda em tempo de ternura minguada”, é algo que me fascina. As mensagens respondidas instantaneamente, sem se preocupar se eu vou achar que você respondeu rápido demais ou não, isso é tão bom. É porque você sabe, eu gosto de atenção, de sintonia, de conversas que não terminam. E quanto mais eu tenho, mas eu dou. Reciprocidade é uma das minhas palavras favoritas.
E é isso que eu queria hoje, a reciprocidade que você me proporciona. Queria esse teu sorriso correspondendo o meu. Aliás, você tem um sorriso que abraça, já te falei isso? Senão, fique sabendo, seu sorriso abraça e seu abraço é casa. Teu olhar brilhante e intenso, tua gargalhada contagiante.
Era disso que eu precisava hoje.
Ontem eu senti sua falta, tive uma tarde divertida num lugar que traz mansidão e paz de espírito, e sabe, isso até amenizou a saudade que estava sentido. Estar lá foi quase a mesma coisa que estar dentro do teu abraço, que traz exatamente a mesma sensação: Leveza. Acabei de descobrir, essa é mais uma das minhas palavras favoritas.
Quase perdi minha linha de raciocínio imaginando o quanto seria bom ter tido você lá comigo ontem.
Mas vamos voltar, a noite foi difícil, aconteceram coisas ruins. Eu chorei até soluçar e fiquei sem chão por alguns minutos. E senti falta de você, precisava do seu consolo. Mas tudo bem, eu tentei pensar no quanto você estava se divertindo, e imaginar esse sorriso largo e espontâneo já acalmou meu coração. Afinal, tua felicidade é a minha.
Mas hoje, hoje eu realmente precisava de você. Sentar e olhar a paisagem, quem sabe iríamos ver o mar, e junto com o barulho das ondas, escutar teu silêncio. Esse silêncio que não nos constrange, porque mesmo sem palavras, a gente se entende.
Eu queria “escrever até decompor e chorar até recompor”, mas queria você ali, pertinho. Só para eu te olhar. Não que eu precise te ver pra me sentir inspirada. Você vive dizendo que sou uma grande esquecida, mas a memória fotográfica quando se trata de nós, essa funciona bem. Parece que meu cérebro sabe que eu gosto de fazer um filme com uma coleção de sorrisos seus, e que eu revejo esse filme mentalmente todas as vezes que preciso de inspiração para escrever.
Eu gosto da nossa adrenalina, do jeito que a gente quase pega fogo quando estamos a sós. Gosto da intensidade do beijo, do pulso firme segurando meu cabelo. Da forma meio selvagem que você olha, antes de me devorar por inteiro. Mas hoje eu precisava da tua calmaria. Hoje eu queria que você me fizesse aquele carinho que alcança meu interior.
Precisava de uma dose de você.
Hoje eu queria nós.
Enrolados, enlaçados, tão perto que, quando eu fechasse os olhos, você quem adormeceria.