"É inútil alegar-se a utilidade... Allan Kardec
"É inútil alegar-se a utilidade de certas experiências curiosas, frívolas e divertidas, para convencer os incrédulos, pois o resultado que se obtém é completamente oposto. O incrédulo, naturalmente levado a zombar das crenças mais sagradas, não pode ver uma coisa séria naquilo de que se faz uma brincadeira; não pode inclinar-se a respeitar o que lhe é apresentado de maneira desrespeitosa. É por isso que as reuniões fúteis e levianas, aquelas em que não há ordem, nem gravidade, nem recolhimento, causam-lhe sempre má impressão. O que o pode convencer, sobretudo, é a prova da presença de seres cuja memória lhe é cara. É diante de suas palavras graves e solenes, de suas revelações íntimas que o vemos comover-se e empalidecer. Mas, assim como tem mais respeito, veneração e afeto pelo ser cuja alma lhe é apresentada, fica chocado, escandalizado por vê-la comparecer a uma assembléia irreverente, no meio de mesas que dançam e dos gracejos de Espíritos levianos. Por mais incrédulo que seja, sua consciência repele essa aliança entre o sério e o frívolo, entre o religioso e o profano, razão por que tacha tudo isto de artimanha, saindo da reunião menos convencido do que se achava ao entrar.
As reuniões dessa natureza fazem sempre mais mal do que bem, pois afastam da Doutrina mais pessoas do que a ela conduzem, sem contar que se prestam à crítica dos detratores, que nelas encontram fundadas razões para a zombaria."
Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail)
(O espiritismo em sua expressão mais simples e outros opúsculos de Kardec / por Allan Kardec; [tradução de Evandro Noleto Bezerra]. - Brasília: FEB.)