Somos como formigas num formigueiro... Samir José Soares
Somos como formigas num formigueiro insano e mecânico.
Seus olhares atingem de frente as nossas retinas, empapuçados e tão embriagados que nem notamos, passamos ao longe envolvidos em assuntos cotidianos. Os olhares nos seguem como sombras malignas buscando um veio de sangue novo ou de água fresca para se alimentar e retomar um fio de vida perdido. Homens e mulheres sem esperança de recuperar migalhas básicas de dignidade, tão desorientados que mal compreendem a desumana falta de ternura que assola este mundo. Por isso mesmo se desesperam.
Nada Há para fazer. Impotentes, tentamos compreender o que acontece e paramos amedrontados se descobrimos resquícios de insanidade num insuspeito diário. Chegamos a sentir o medo que pode haver no simples objeto da nossa paixão. Fora de controle, conduzindo tensões absurdas, destruindo a personalidade, ofuscando os olhos. Explodindo a razão mais sólida.