Que a força do medo que tenho Não me... Gil fagundes
Que a força do medo que tenho Não me impeça de ver o que anseio e acredito.Porque metade de mim é o que eu grito,Mas a outra metade é silêncio.Que a música que eu ouço ao longe Seja linda, ainda que triste. Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada Mesmo que distante; Porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade.Que as palavras que eu falo sejam respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos. Porque metade de mim é o que ouço mas a outra metade é o que calo.Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infância. Que o medo da solidão se afaste e se torne ao menos suportável. Porque metade de mim é lembrança do que fui,mais a outra metade eu não sei. Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito, que a arte me aponte uma resposta mesmo que ela não saiba. E que ninguém a tente complicar, porque é preciso simplicidade para fazêr florescer. Porque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço.E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor E a outra metade também. Boa noite.
trechos do poema de Oswaldo Montenegro