Tem muita coisa que acaba não sendo... Rafaela Guimarães

Tem muita coisa que acaba não sendo dita de forma verbal. Gestual, talvez. Possivelmente até em formas respiratórias.

E acaba que o silêncio diz muito, mas ao mesmo tempo, nada diz.

Entre o espaço de um segundo e outro, diversas interpretações são feitas, julgadas, detalhadas.

Antecipadas.

Mergulhar no azul esverdeado de um mar, nem sempre é fácil, quando, de alguns mergulhos, ou se afogou, ou encontrou o raso.

Até porque, você não está na praia apenas para contemplar o mar; você quer sentir a areia nos pés, a brisa no corpo, o calor no rosto sorridente.

Talvez você queira chegar cedinho, para começar a sentir isso tudo, ou talvez você queira chegar mais à tardinha, sentir a pele arrepiar enquanto observa o pôr do sol.

E você se depara de novo com aquele mar, que te olha de uma forma sedutora.

O que acontece se mergulhar no escuro?

Mas, o que acabam esquecendo, é que o mar tem vontade própria, tem vida. Você precisa molhar os pés. Sentir se aquela água agrada ao seu corpo. Se não agradar, só molhe os pés e vá embora.

Mas, se agradar, entre. E entre com cuidado, pois tem dias que o mar está de ressaca, mas que também está calmo.

E na primeira onda, mergulhe; passe esse primeiro obstáculo.

Avance.

Na segunda, mergulhe de novo.

Quando se entra no mar, o mais difícil, é passar pelas primeiras ondas.

Depois, você descobre que não é raso e nem fundo.

Você pode pôr os pés no chão e pode deixar o corpo te levar.

E confiar.