POBRE SER đž Pobre ser quanto mais ele... Isabel Morais Ribeiro...
POBRE SER đž
Pobre ser quanto mais ele rezava
Mais ele se sentia cansado
Como um louco perdido
Perdido no deserto de si mesmo
Cheio de lĂĄgrimas nos olhos
Sente o coração ceifado
Por uma afiada gadanha
Em delĂrio na mente doente
Rasga as sombras do passado
Sem ter trazido a brisa do presente
Ouve os suspiros do futuro
Em nocturnas incertezas suas
Grava em cada uma delas
Um breve silĂȘncio
Nas mantas que lhe aquecem o corpo
Desiguais temporais
Que sente gravados nas oraçÔes
Que deixou de rezar
Mas sentia a falta delas
Sentia-se como uma folha em branco
Que nĂŁo foi aberta
Num livro desfolhado da sua memĂłria
Um suspiro que era como um grito
Quanto mais rezava mais sozinho se sentia
Mais sĂł estava este pobre ser pobre alma
Que lutava com garras sem se sentir derrotado.