Eclipse. Fiquei ali sentado, debaixo do... Raniere Gonçalves
Eclipse.
Fiquei ali sentado, debaixo do pé de baru. O sol havia sumido na anágua negra da noite. Ficavam para trás, esquecidas, algumas flamas avivadas dos seus cabelos de fogo. Firmei que ela vinha de lá do alto do guarirobal do compadre Amâncio. Nada. Noite feita avistei uma estrela rutilante. Atinei: lá'em vem ela amarrada na linha do imaginado. E nada. Virei as costas e fui guarnir os cochos. O tuivú dum curiango me fez torcer de volta os meus olhos. Estrela não: era a dita. Mirei com ciência e entendi um cutelo fino. Retardei o meu olhar já concluindo: a coisa demora, dá tempo de tudo. Quando atravessei o mata-burros ela era uma goiaba mordida. A volta pra cidade não teve outro pensar. O granulado da poeira foi avermelhando mais e mais a tal lua-de-sangue, refletindo nostalgias no para-brisas da D-20.