Estamos resolvendo nossos problemas... Arcise Câmara

Estamos resolvendo nossos problemas externos, mas não os internos

A gente sempre tem inspiração para um monte de coisa, o que vamos fazer com a casa, que cor pintar as paredes, qual esmalte comprar, qual roupa usar no fim de ano, a gente esquece de olhar para dentro.
O futuro precisa desse dentro reconhecido. Alguns caminhos levam a depressão e entre os vários motivos da pasta de entrada dessa doença é não se conhecer. Às vezes a gente não encontra palavras para dizer o que pensa, outras, não tem determinação para atividade física, outras vezes explode por qualquer coisa.
Perguntas que aprendi a não fazer até porque ninguém as compreende, dentre ela você cuida do seu interior? Está tudo sempre bom para ti? O relacionamento conosco tem que evoluir.
Nossos afetos e nossos valores éticos precisam ser aprofundados, a gente tem sempre uma ótima justificativa, eu acho que o estudo da vida deve partir das experiências concretas.
Tenho muitas qualidades que não consigo encontrar facilmente em todo mundo, estou sempre pronta a falar a verdade, a discutir a relação, a não achar tediosa a companhia de mim mesma.
Sou jovem para os padrões quarentões da antiguidade, quando nasci morta e tiveram que me ressuscitar não sabia que o pior dia da minha vida já tinha passado e quando a minha mãe me contou com aquele sentimento intenso e com os olhos marejados eu ressignifiquei a minha vida.
Sua gigante aflição e nossa história de vida fez de mãe e filha uma coisa só, papai participou ativamente, rezando na sala de espera, mas sem saber que a filha lutava por sobrevivência enquanto mamãe morria por dentro.
Não se trata apenas de uma questão emocional, eu tinha motivos para ser ansiosa, fui desde cedo mais instinto para resolver meus conflitos de vida ou morte a desenvolver a arte de pensar.
Numa relação ninguém é mais importante que o outro, aceito meu pai como ele é, minha mãe como é, meus irmãos como são, um dia vou olhar para trás e me arrepender de tudo o que fiz ou deixei de fazer que não me agregou, que não me evoluiu, que não me impulsionou.