Amar… É o desespero De um coração... Isabel Rosete
Amar…
É o desespero
De um coração carente
À procura da outra metade
Que o complete…
Somos incapazes
De nos completar
Precisamos sempre de um outro
De qualquer outro
Que procuramos em nós…
Essa terrível e eterna
Dependência do outro
Que não conseguimos
Encontrar em nós…
Que desgraça
A do coração humano
Sempre em falta
Irremediavelmente só
E despedaçado
Lamenta,
Lamenta-se
Exclama
E proclama…
Não sabe estar só
Dialogar consigo…
Encontra
No seu âmago
O vazio
Do seu próprio preenchimento…
Amar…
É coisa dos homens
Seres solitários
Incapazes de percepcionar
A solidão como outra forma de amor
E isso não basta,
A estas criaturas errantes?
Não
Não basta…
Nada basta…
Há sempre um mais
Um depois
Que aflora
Em todos os pensamentos
Nos mais claros
Nos mais recônditos
Nos mais inconscientes…