Nossa reação diante do pecado de fato... Tainah Ferreira
Nossa reação diante do pecado de fato deve ser de perplexidade. Não é normal. Não é aceitável. Não é natural. Nos ofende, nos atinge de diversas maneiras, nos machuca. E creia: só o fato de saber que algo é errado já mostra a consciência divina em nós (inclusive nos ímpios, fruto da graça comum). Mesmo com a Queda, a lei continua de certa forma “impressa” em todos os seres humanos. Deus continua sustentando o mundo, através da graça. Se não fosse isso, sequer teríamos ar para respirar. E acredite, já teríamos nos destruído há tempos.
É a graça comum que permite que o sol nasça para “bons” (e aqui entendemos bem que esse conceito de “bondade” parte dos que são justificados por Cristo) e maus. É a mesma graça que permite também aos ímpios desfrutarem da terra, bem como ter prazer e conquistas. A história de Caim é um exemplo clássico disso. Após o assassinato de Abel, ao mesmo tempo que Deus disse: “ És agora, pois, maldito por sobre a terra, cuja boca se abriu para receber de tuas mãos o sangue de teu irmão. Quando lavrares o solo, não te dará ele a sua força; serás fugitivo e errante pela terra”; e também disse: “Assim, qualquer que matar a Caim será vingado sete vezes. E pôs o SENHOR um sinal em Caim para que o não ferisse de morte quem quer que o encontrasse”. Confesse: nosso senso natural de justiça não concebe tal atitude. Não seríamos misericordiosos a esse ponto. Caim merecia ter sido banido da face da terra ou sofrido amargamente até o último suspiro. Não é isso que você acha? Eu acho. O problema é que a gente se diferencia de Caim em essência e acredita que Abel foi bom puramente por seus méritos. Lego engano: Abel foi alcançado pela graça. Noé (o único justo na Terra, em tempos de profunda impiedade) também. Abraão foi escolhido literalmente porque Deus quis, em Sua soberana vontade, e não por algo que O Senhor tenha visto nele. Ló foi poupado da destruição de Sodoma e Gomorra pelo mesmo motivo: graça. Jó segurou as pontas diante do sofrimento adivinha por que? Graça. Davi foi um homem segundo o coração de Deus pelo mesmo motivo. Basta lembrar do momento em que ele agiu por si mesmo: foi capaz de cobiçar, adulterar, tramar, mentir e planejar um assassinato. Esse era Davi. Porém, pela graça, ele foi o homem segundo o coração de Deus. Então, sempre que você ver mesmo um incrédulo tendo atitudes de bondade e entendimento sobre o bem e mal, saiba que isso vem de Deus - mostra Ele preservando a humanidade. Pelo menos até Jesus voltar.
E quais os méritos do salvo nisso tudo? A graça. E qual a diferença dos salvos com os ímpios? O Espírito Santo. Ou seja, não há mérito algum. Tudo que temos pra oferecer por nós mesmos é pecado. O próprio homem carnal nos faz enxergar “melhores e mais dignos” que outros, como se isso fosse resultado de um caráter elevado e diferenciado da nossa parte. “Bem... eu tive educação... eu tenho princípios... não seria capaz de tal atrocidade...” Resumindo: de alguma forma eu sou melhor. Eu sou bom. O problema é que a Bíblia não nos mostra assim, pelo contrário, ela coloca toda humanidade no “mesmo pacote”, afirmando que não há um justo, UM SEQUER.
Pare e pense: se vc fosse trazer à prática seus pensamentos mais profundos, quantas pessoas já teria matado? O que já teria falado? O quanto já teria roubado? Quantos já teria espancado? O que seria capaz de fazer pra obter prazer? São casos a se pensar. E sabe porque até hoje você não levou alguns de seus devaneios em vias de fato? Porque Deus te segurou. Em termos de “consequências terrenas” isso pode fazer uma grande diferença. Mas sabemos que, para Deus, só o fato de “pensar e desejar” já configura como pecado. E isso já mostra quem você é: pecador.
São ensinamentos profundos, verdadeiros, mas admito: humanamente impossíveis de assimilar. Vou além: são opostos ao que pensamos e acreditamos.
Que o Espirito Santos nos dê uma mente renovado pela Palavra e mais que isso, confiança para vivê-la.
