Para viver maduramente, não é preciso... Marcial Salaverry

Para viver maduramente, não é preciso estar em idade madura,
é importante ter o espírito maduro, e saber aproveitar a vida...
Ósculos e amplexos,
Marcial

SABENDO VIVER MADURAMENTE
Marcial Salaverry

No entender de muita gente, viver maduramente parece ser apenas coisa de gente madura, ou seja, já de uma certa idade, ou melhor, de uma idade certa. Na realidade, nosso amadurecimento principia quando nascemos, e só termina quando deixamos o convívio dos amigos...

Podemos começar a ter problemas quando começamos a nos achar maduros demais, e passamos a pensar que já nada mais temos a fazer neste mundo, e que apenas devemos curtir a velhice. Sem duvida, encarar a coisa sob esse prisma, é péssimo, e já começa a embaralhar as idéias, que podem e devem estar maduras, mas jamais podres...

As idéias amadureceram mais um pouco, pois li um pensamento que se aplica à perfeição ao tema e que exige uma certa reflexão. Vejam-na:
"Pense em si mesmo como alguém que tem direito à felicidade".

Não sei quem é o autor, mas gostaria de ter sido eu quem teve essa inspiração, pois era exatamente essa sugestão que pretendia passar para as pessoas que começam a se entregar ao peso dos anos, esquecendo-se de que enquanto estamos vivos, sempre temos algo a fazer na vida, pois ela existe ainda dentro de nós. Sem dúvida, a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa é chegar naquele ponto em que diz nada mais ter a fazer e entrega os pontos. Pode-se dizer que morreu em vida. E como é ruim quando isso acontece, uma vez que na verdade todos, sem exceção temos algo a fazer por alguém. Ninguém está completamente inutilizado para a vida.

Precisamos sempre nos lembrar que todos nós temos direito à felicidade. Mas temos que saber buscá-la, não se pode esperar que ela caia do céu, e assim sendo, é importante que cada qual saiba e procure fazer sua parte.

Realmente, não é fácil saber como buscá-la, como argumentou uma amiga, acrescentando que estava viúva há já alguns anos, e que sentia muito a falta do marido, e não via mais razão de viver. Não posso concordar com essa maneira de pensar, pois se perdemos a parceria, ainda aqui estamos, e temos dever de continuar vivendo, e podendo ter nossa cota de felicidade, e assim sendo, apenas tentei mostrar para ela, que sempre temos razão para viver, pois ainda estamos respirando, estamos nos locomovendo, sempre teremos algo a fazer no mundo, e sugeri que começasse a viver, pois tinha direito à felicidade. Indiquei-lhe procurar os Centros de Convivência da Terceira Idade, que procurasse grupos de excursão. Que procurasse, enfim, contato com pessoas vivas. Existe tanta vida espalhada por aí... Basta saber procurar. Enfim, que ao invés de ficar em casa chorando a perda do companheiro querido, que procurasse sim, manter as recordações de todos os bons momentos vividos juntos, e que fosse tentar viver.

Bem, para encurtar a história, hoje essa pessoa continua só, mas notei uma alegria de viver no brilho de seus olhos. Tem viajado constantemente. Nas reuniões do Cecon, conversa com amigas lá conhecidas, faz tricô, está aprendendo pintura em seda. Enfim, está vivendo. Está feliz. Faz constantes viagens, diverte-se um bocado. Até dançar já está fazendo... Esqueceu o marido? Claro que não. Sempre se lembra dos momentos felizes vividos juntos. Mas são lembranças boas, e não amargas. Não lamenta mais o fato dele não estar mais aqui, mas sim alegra-se por ter tido sua companhia por tantos anos. Foram anos de muita felicidade. Tenho a certeza de que onde está, ele apenas quer que ela seja feliz. Que viva, enfim...

Para pessoas assim, fica a certeza de que muitas vezes, pode até encontrar um outro alguém que esteja igualmente solitário. Claro que não se pode esperar que surja uma grande paixão, um grande amor. Mas que surja alguém com quem possa dividir a solidão. Não é imprescindível, pois é perfeitamente possível administrar-se a solidão. Basta que se encontre uma ocupação. Algo com que preencher o tempo ocioso.

Certamente os fatos nem sempre são os mesmos, o que pode mudar é o enfoque. É a maneira de se encarar os fatos, e assim, podemos entender que se a idéia serviu para uma pessoa que estava completamente amargurada, poderá servir para qualquer pessoa. Basta que consiga acender uma pequena luzinha em sua vida. Basta que saiba como usar seu direito à felicidade e saiba faze-lo.

E amigos, como é bom sentir-se VIVO, como é bom poder agradecer ao Amigão o fato de sentirmos a alegria de viver.
Para cada problema existe uma solução. Só temos que saber procurar. O importante é nunca entregar os pontos. E o ponto final da vida só surge quando ela efetivamente acaba. Nunca antes.

Bem crianças, essa é minha maneira de encarar a vida. Vivê-la, enquanto vivo estiver. E para tanto, UM LINDO DIA, é imprescindível. Desejo-o para todos, e que jamais esqueçam de que todos temos direito à FELICIDADE...