AFRONTA DO OLHAR Amor, vivemos tão... Antonio Montes
AFRONTA DO OLHAR
Amor, vivemos tão extensivamente
que aprendi a ler as escritas teleguiadas
pelos seus olhos.
Mas juro que se soubesse que um dia
eles fossem me escrever o contrário
de você... Eu não tinha aprendido a ler.
Eu não queria, mas esse viver de carne
e unha me ensinou a te ler, e hoje sofro
Sofro por esse saber, sofro porque
leio você. Leio seus olhos e eles me dizem
tudo aquilo, que você não quer me dizer.
Seus olhos que um dia já me fizeram sorrir
dando-me amor e paixão, esboçando
alegria e felicidade, com suas frases...
Hoje eles escrevem-me poesia amarga,
dosada em meio a essa vil verdade.
Nos escritos dos seus olhos... Eu vejo o
meu amor se afastando de mim.
Meu amor, ainda ontem, eu li na poesia
dos seu olhar, que meu amor está sendo
roubado. Tenho lido que tudo que me sobra
daquela felicidade é recordação e lágrimas.
Meu amor... O silêncio que antes servia para
me fazer sonhar contigo, hoje serve apenas
para me esmagar diante da solidão.
Você agora esconde a traição em sua conta
dizendo o que seus olhos insistem em me falar,
e até repreender-me com essa dolorosa
afronta.