Ela vai. Segue seus próprios caminhos,... Aline Diedrich
Ela vai. Segue seus próprios caminhos, cura a dor dos espinhos, carrega na mala essas e outras memórias. Ela é inteira e, por ser inteira, ela não aceita histórias pequenas ou banais. Ela vai. Coloca em metades seus merecidos pontos finais, empurra pra fora o que não tem o poder de enfeitar sua casa, não se contenta com coisa rasa nem abre um espaço aqui - outro ali - para o que não cabe em seu lar. Pois ela não confunde amor com a necessidade de amar. Ela vai. Vai sem asas, sem saber voar. Mas vai. Enfrenta as suas quimeras, planta suas flores sem a paciência de esperar pelas estações mais certas, ela faz suas primaveras. Sem nunca deixar de ser neblina quando precisa esconder a estrada a frente ou calor para derreter alguns gelos. Ela é mais do que enviar mensagens, cartas, cartões, selos. Ela mesma vai. Vai e rouba a cena quando não sabe o que é interpretar. Ela vai sem medo de se molhar nem de se queimar. Ela vai sem dizer amém pra tudo com o pensamento pequeno de que isso pode mudar o mundo. Ela vai. Até quando desmorona, quando lhe derrubam ou cai. Ela vai. Vai, mas não reconstrói, não refaz o que ficou para trás. Ela simplesmente vai. Vai e constrói o novo com todo esforço que isso requer. Porque ela sempre sabe o que quer... Tem a ver com essa vontade enorme que ela tem de viver.