Eu estou bem Até que passa o vulto E o... Jeferson Fontenele

Eu estou bem

Até que passa o vulto

E o som avulta

Parece algo avulso

A imagem é distorcida

As palavras são nítidas

Eu tento focar em qualquer coisa que não seja isso, mas estou estonteado



Eu tento olhar fixamente para algum ponto

Mas as memórias me prendem a cada peça do

Quebra-cabeças que ainda não formei

E agora vejo caindo desordenadamente como chuva diante dos meus olhos



Então me acerta e me faz perder o equilíbrio

Eu viajo, eu perco o foco

Parece assunto esquecido, mas está lá para ser reavido

Empilhando peso a minha mente

Se existe hora certa pra isso talvez hoje seja jamais



A cena fica trêmula, parece que vou cair

Sinto a nuância

Tento me apoiar

Estou sendo esbofeteado

Não sei ao certo de que lado vem

Não estou mais no meu lugar

Eu não tenho parada fixa

Sou levado pelo âmago da situação



Retomo o horizonte do olhar incisivo

Mas está tudo embaçado

Quando virei, apanhei do outro lado

Estou sendo esbofeteado e só quero um tempo pra respirar

No meu olhar, lágrimas rolam

E as frestas da janela marcam meu rosto com o sol das 5 horas

É difícil acreditar

Com toda a poeira e pedaços em volta

Não cessa a sede

E não morre a esperança de voltar a brilhar

A dor é tamanha como o poço mais fundo, mas em um segundo, tudo pode mudar.