O DIA EM QUE ELA OPTOU POR SER FELIZ... Jussara Marinho

O DIA EM QUE ELA OPTOU POR SER FELIZ
Jussara Marinho
"Ela acorda, sobressaltada; a luz do sol, anunciando a chegada da manhã, enche de dourado a sala. Sem perceber, acabara adormecendo no sofá da sala.Aperta os olhos com firmeza, recusando-se terminantemente a sentir pena de si mesma. Ele fizera de novo! Mais uma longa noite de vã espera ! Ela atira longe o vestido tão cuidadosamente escolhido para a noite anterior. Respira fundo; o mar ruge furiosamente lá fora, como se perguntasse: “ E aí, sua tola? Vai deixar por isto mesmo, de novo? Não vai fazer nada, não?”
Ah, mas ela faria, sim! Resgataria todos os anos de mágoa, tirando, definitivamente, esse homem de seu coração e de sua vida! Seu coração gritava que o perdão não é mais possível!
Ela veste um biquíni e sai da casa. É cedo ainda; a praia está deserta. Caminha devagar. Sabia que o amava! Ah, como o amava! Sempre o amaria! Nesta e em quaisquer outras vidas que possam existir! Mas, acabara! Fim! Chega de ser um estepe sempre à mão; chega de sempre fingir acreditar em suas mentiras; chega de ser sempre o porto seguro, para o qual ele sabe que sempre pode voltar ou seja lá o que for que ela signifique para ele.
Abraçá-lo, sem saber quando acontecerá de novo...não quer mais isto para sua vida.Se iludira, acreditando que, um dia, poderia dar certo. Bobagem. Homens como ele, não se prendem a ninguém!
Mas, agora, enxotaria esse amor do seu coração sem clemência, sem arrependimentos, sem olhar para trás; a vassouradas, se preciso fosse! Falaria com ele....difícil falar com um homem que, quando a amava, fazia com que o mundo parecesse explodir em mil contas de luz! Mas, ela falaria! Ora, se falaria! “Eu existo; já lhe ocorreu?” Queria e merecia ser muito amada. E seria! Porque nunca é tarde demais! Ela não seria a primeira e nem a última mulher a viver a história de um amor errado! A sentir a dor, a extremada dor de um amor errado.
O importante é abrir bem os olhos e jamais desistir de si mesma!
E, então, ela entrou no mar; a alma sangrando, é verdade. Ainda sangraria por um longo tempo. Só que fizera a opção por ser feliz. E, então, ela sorriu; por que a vida, que é uma só, estava bem ali, plena em possibilidades e promessas, tão azul como aquele mar, e de braços abertos para recebê-la.”
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