Ídolos A grande diferença entre ter... Sergio Pacca
Ídolos
A grande diferença entre ter ídolos e admirar pessoas, é que os primeiros, deve-se adorar e reverenciar. Jamais contestar. Quem admiramos são exemplos de conduta, personalidade e carisma. Nunca tive ídolo algum. No máximo, profunda admiração por pessoas comuns. Paulo Francis, Pepe Escobar, William Blake, por exemplo. Muitos amigos bem-pensantes e resolvidos, envolvem-se em brigas terceirizadas em nome de causas, movimentos aos quais sequer pertencem, ou receberam endosso. Justificam como 'autos de fé' em relação a justiçamentos que 'devem' ser feitos. Para mim, pura vassalagem por camuflado complexo de culpa. Assumida, inculcada, introjetada; realmente, não sei, e creio que muitos desses sequer questionem suas devoções. Nunca tive qualquer indício de 'culpa herdada' já que me livrei do cristianismo. E, isso, com três anos de idade. Da mesma forma, sequer me prostrei aos pés de ídolos estatuescos ou imaginários. Penso que ambos os ganchos estejam ligados intimamente a crenças. Na ausência de uma, se liga a outra. Um dos segredos de desvio de caminho do 'relicare'(religar), é que tiram a possibilidade de nos conectarmos com nossos 'Eus' internos, e colocam fetiches míticos no lugar. Uma das 'grandes feitiçarias' da humanidade. Meu ídolo é quem eu virei a ser, com minhas fraquezas superadas e meus vícios controlados. Mas, talvez meu 'eu' futuro não seja melhor do que o presente, ou de traços dos 'eus' do passado. Quem sabe? Nenhuma crença ou agremiação político-filosófica pode responder a isso.
(Sergio Pacca)