De dia... a cada dia que surgia ele a si... Rosangela Calza
De dia... a cada dia que surgia
ele a si mesmo se transvestia.
E, assim transvestido, o dia ele seguia...
Perfeito, era assim mesmo que no espelho ele se via...
Lentes azuis invisíveis escondiam a tristeza que sentia.
O sorriso no rosto costurado
já não doía
... estava ele ao implantado tão acostumado.
A voz suave e doce
disfarçava muito bem da vida o agridoce.
Quando a noite chegava
e os traços do dia apagava...
Ele não se assustava
Todo ele ele mesmo fantasiava...
Colocava em sua vida todas as cores que a própria vida lhe tirava...
Mal sabia ele: a verdade, que lhe era tāo cara, em vez de cara a cara... tudo salpicava... rastros deixava por todos os caminhos por onde ele passava.
Ele nunca chorava.