A ÚLTIMA CARTA (II) Belo Horizonte, 14... Nemilson Vieira de Moraes

A ÚLTIMA CARTA (II)

Belo Horizonte, 14 de outubro de 2004.
Saudações em Cristo!

É impossível alguém ser feliz no sentido pleno, vivendo longe do carinho da pessoa amada. - Aqui não é ruim de tudo, só falta você.

Hoje é o dia do meu aniversário e não posso compartilhar a alegria desse momento contigo. Vivendo assim tão distante.

Sinto tanto a tua falta!...

Daí não ouvirá o meu grito de amor, e nem o tempo consegue apagar os sinais de um bem – querer, latente, por ti.

Tal sentimento insiste perenemente em permanecer em evolução dentro de mim.

Por aqui tudo me faz lembrar nossos prazerosos momentos vividos juntos. Sinto até a fragrância do teu perfume, no ar que respiro. E lembro-me do jasmim.

E, propagando-se em sonoras ondas chegam aos meus tímpanos com suavidade, teus doces dizeres contumazes, jurando me amar.

E me ponho a pensar em nós!...


A solidão não me dá tréguas. E o que mais me atormenta é o fato de não a tê-la bem junto a mim.

A vida tem sido muito difícil!...
Mas o que me dá forças é saber que a esperança da nossa terna união me acalenta.

Naquele dia, saí bastante otimista da casa de teus pais, onde nos encontramos pela última vez; e, fizemos notório o compromisso do nosso namoro, perante os teus e os meus familiares. –Como na moda antiga.

De bom grado, todos os presentes naquele evento, nos apoiaram! E tornamos público o nosso desejo matrimonial. E a alegria fora uma só, de todos nós.

Naquele histórico momento firmarmos o compromisso de andarmos juntos, no caminho da afetividade amorosa. - E dos sonhos.

Como já é do teu conhecimento, reafirmo em dizer que, gostaria grandemente de ir até o final do nosso intento; fazendo parte dos teus projetos de vida. E da tua história.

Teus pais ficaram muito felizes com a nossa decisão amorosa. E eu, muito mais ainda. Mas a vontade de Deus e a tua decisão é o que mais predomina nesse momento.

O desejo de estarmos unidos por um elo é o que me faz sonhar ainda mais!

Naquela ocasião,quando pontuaste, que gostaria de conversar sobre nós; logo percebi que eu teria a rica oportunidade da manutenção de um relacionamento promissor contigo. – Tornou-se um ledo engano?

Saí daquele encontro rindo à toa; como um adolescente que descobriu um mundo novo de possibilidades diante de si.

Minhas forças estavam renovadas... Sentia-me como um rei acompanhado de uma bela Rainha. E contei as boas novas a todos que via pela rua.

Retornando às minhas atividades profissionais nesta terra distante, e, demandando certo tempo do planejamento de nosso enlace matrimonial...

Logo percebi os primeiros sinais de atrofiamento da minha alegria. Depois da proposta que firmamos e da oficialização daquele tratado que tivemos um com o outro, um profundo silêncio, estabeleceu-se entre nós. E perdura até hoje.

Sem nenhuma explicação lógica, desaparecestes por completo da minha vida!... Sem um tchau, sem um adeus sequer!

Gostaria grandemente de saber de toda a verdade sobre o que está acontecendo Letícia; só você poderia me contar com exatidão o verdadeiro motivo disso. – Que por sinal, vem aumentando muito meu sofrer nos últimos dias.

Não suporto mais viver assim nessa obscuridade. E nessa sofreguidão e, inquietante desinformação.

É verdade que a distância geográfica entre nós é considerável; e os precários meios de comunicações que disponibilizamos no momento, dificultam muito nossos contatos.

Mas pressinto não ser somente esse obstáculo citado acima, o verdadeiro motivo do seu isolamento.

Por isso recorri a essa maneira já em desuso de se comunicar – este manuscrito.

Um amor tão bonito como o nosso não deveria morrer assim! Isso parece acontecer, pelos desejos não estarem muito claros.

Algo muito diferente do que eu gostaria, infelizmente, está acontecendo!...

Não devo ser excluído desse paraíso que construímos juntos, assim tão inexplicavelmente!

Continuo no aguardo de notícias sua. Mesmo que seja pra dizer que tudo acabou entre nós; ou, "que foi bom enquanto durou".

Aconteça o que acontecer; não terei motivos para não lhe amar! Beijos!...

BH, (21.05,17).