Olhar de pôr-do-sol Nas nuances cruas... Armando Moro
Olhar de pôr-do-sol
Nas nuances cruas
De pôr-do-sol em êxtase,
Onde o misto do dourado
Dos cabelos ao vento
Fundem-se e convergem
No movimento aleatório
À paisagem.
Sobre o cume
De braços abertos
E olhar esguio como
Minuto ultimo onde
O sol toca a extensa
Linha do horizonte,
Como o olhar apertado
Do céu, que imprime
À terra o estreito brilhar.
Nasce o olhar, beleza única.
Acomete de vergonha
Já tão bela paisagem,
Mas hipnótico apelo
Em desordem mental
Fogem olhares, pensamentos...
Foge noção de espaço,
De tempo devastador
E vira ponto único
De olhar, de se admirar.
O dourado do sol e os cabelos,
A Matiz verde do olhar
E da paisagem ao fundo,
O azul do céu,
A visão do anjo Leuviah.
Fundem-se como
Imagem única,
Como foto premiada
De foco à protagonista,
Paisagem desfocada.
O magnetismo da íris
Atrai, mistifica, seduz
Torna o homem menino,
O cérebro inquieto
Em foco único.
Olhar felino esconde
Suave, mas intensa inquietação.
A paz no olhar antagoniza
A tormenta de pensamentos.
Externa olhar brando e amor,
Interna criticidade impiedosa.
Olhar, brilho de vida exterior.
Olhar, brilho entumecido interior.
Prova que a beleza do mundo
É incorreta, imperfeita.
Se perfeita fosse seria
O céu reflexo puro desse
Intenso e infinito olhar.
Perfeito seria por dar-me
O direito (em que a ele tenho)
De para o céu olhar e me encontrar,
Não só ocupar-me guardando
A mente os detalhes,
Com medo de não mais
Usufruir do que me inspira,
Do que me encanta e instiga,
Do que em curiosidade
Me dá ímpeto em buscar,
Só pela Matiz de seu olhar.