Élcio José Martins Atos e Distratos A... ElcioJose

Élcio José Martins
Atos e Distratos

A regra num mundo sem regra,
Tem regra quem faz a regra,
Segue a regra quem não tem regra,
Foge da regra o contra regra.

A teoria que me deste,
Do caminho que me fizeste.
Curvas e retas em teste,
Jardim de sonhos floresce.

Dos atos e formatos firmados,
Vestes de farrapos ornamentados.
Pérolas aos porcos trocados,
Lanternas nos porões iluminados.

Penso se existo de fato,
Soltura de rojões de artefatos.
Barulhos vendidos baratos,
Templos de rimas e boatos.

Na construção do tempo,
Perde o tempo quem é lento.
Pobre do crente que acredita.
Da cachaça do milagre que palpita.

Dos distratos construídos,
Dos discursos rasos e falidos,
Pequenos sonhos permitidos,
Nas promessas nos rincões dos desvalidos.

Jogo o jogo da ilusão,
Egos e planos, sensação.
No tempero sem esmero e emoção,
Destempera a melodia da canção.


Encontros e desencontros casuísticos,
Nascimento lúdico de dons artísticos.
Vende o céu com as estrelas mais brilhantes,
Bussola e GPS aos felizes navegantes.

Nos caminhos de andantes errantes,
De virtudes raras e distantes,
Fere a narrativa dos contratos vibrantes,
Distrai o medo do soneto dissonante.

A teoria que arrepia,
É água que corre na pia.
Some rápida e rasteira,
Escondendo o rancor da sujeira.

Sem mão e contra mão,
Cada um com seu sermão,
Corre solto o palavrão,
Da distraída educação.

Fica um gole de esperança,
Lá no amor de uma criança.
Fugir da regra e cair na dança,
Tudo é igual, tudo é mera semelhança.
Élcio José Martins