LÁBIOS DE CARMIM Tosco e demente, sou... Everton Medeiros
LÁBIOS DE CARMIM
Tosco e demente, sou enrosco.
Fora da mente, um pobre indigente.
Sei que não sou ninguém,
talvez um alguém diferente.
Mas nada salva este grande desencanto,
nem mesmo o mais puro santo,
tampouco algum sacrossanto.
No entanto, quero seu encanto.
Desejo seu ser inteiro,
e ser inteiro só para você.
Mas sou e mais estou aos pedaços.
Não tenho como dar-lhe uns abraços.
Pela vida, esburacado como queijos,
nem mesmo esses posso tê-los.
Não tenho como dar-lhe belos beijos.
E de nada adianta esta reles esperança,
que maltrata, atormenta e nada alcança.
Entrego-me ao esperado e triste fim,
sem beijar seus doces lábios de carmim.