A única certeza que eu tinha era essa:... Wagner Aramian
A única certeza que eu tinha era essa: fazer as malas e partir. Sim, sumir e ir por aí sem saber para onde o "ir" iria me levar. Peguei tudo que fiz de bom: meus beijos, meus abraços, meu carinho, minha atenção, minha coletividade, minha reciprocidade, meu companheirismo, meu respeito e fui embora, você não os mereciam mais. Cansei de tentar enganar o coração achando que íamos dar certo. Cansei de maltratar o coração dizendo pra ele que seríamos um bom casal. Tava na cara, desde o começo, que você não queria nada com nada. Eu quem me afundei depressa demais nessa relação e acabei me afogando. Tenho essa mania feia de ver uma piscina bonita e mergulhar profundamente achando que ela é funda e, de primeira, dar de cara com o chão tendo certeza que é coisa rasa. E, pra mim, coisa rasa não faz meu tipo. Gosto de coisas que me cobrem por completo, não até os joelhos. Estou acostumado a cair de cabeça e mergulhar fundo, não ficar parado na beirada esperando algo cair do céu. Tirei meu coração de jogo e fui embora. Desculpe-me, mas era a única solução. Só tinha essa opção. Não tinha mais nada para fazer a não ser: ir embora de uma casa que, mesmo com telhados, eu não tinha um teto. Pode ficar por aí como sempre quis: liberdade, asas, opções. Eu decidi seguir outros passos. E, se por destino ou acaso eu te encontrar por aí, atravessarei a calçada, só para não te ver mais no meu caminho. Daqui pra frente, só vou guardar o que couber na mala e no coração. Chega de pesos desnecessários. A vida anda pesada demais.