Era uma vez um homem que vivia... Fabio Cristiano Silva
Era uma vez um homem que vivia solitário em uma ilha deserta, um dia, durante uma tempestade um raio caiu a alguns quilômetros de onde ele estava formando uma fogueira encantada, quase impossível de se apagar. Nas primeiras noites o homem de longe contemplava aquele clarão imaginava muitas coisas e se indagava o que poderia ser?
Um dia tomou coragem e foi até aquele clarão que aparecia todas as noites, quando aproximou e conseguiu vê-la, ficou hipnotizado, era a coisa mais linda que ele já tinha visto em sua vida.
Depois de muito tempo estático olhando a linda fogueira, escuta uma voz que sai do interior dela:
- Chegue mais perto estou tão sozinha aqui.
O Homem diz:
-Não posso! Preciso voltar, logo ira ficar escuro e a noite há muitos perigos.
Não tenha medo disse a fogueira, irei iluminar suas noites e protegerei você de todos os perigos da escuridão.
Então o homem ficou e se encantou, descobriu que perto da fogueira não sentia frio, não sentia medo, se divertiram, contaram historias a noite toda, a cena se repetia dia após dia.
O tempo foi passando em todas as visitas o homem levava lenha seca para fortalecer ainda mais a fogueira, construiu uma cobertura para protegê-la do vento.
Em determinado dia não suportando mais o sentimento que parecia querer rasgar seu peito o homem se declarou para fogueira, dizendo que não podia viver sem ela que estava se controlando mas na realidade sua vontade era de toca-la e envolver dentro dela.
A fogueira também disse a mesma frase, sem conhecer o que era o amor, ambos estavam amando um ao outro.
Então o Homem se aproximou lentamente da fogueira com os olhos fechados o coração disparado, mas quando tocou seus lábios nela sentiu uma terrível dor que queimou todo seu rosto, gritou, saiu correndo, a fogueira não entendeu nada, pois ela não tinha consciência do mal que causara a quem mais amava no mundo.
Longe dali o homem chorava de dor física e emocional, não entendia por que a fogueira foi tão mal com ele agora sentia um misto de raiva de medo e de amor.
Certo tempo depois, olhando seu reflexo em um lago viu a cicatriz da queimadura o peito ainda doía, mas algo dizia dentro dele que não poderiam ficar juntos.
A fogueira se sentindo abandonada sem saber o que fez chorava dia e noite mas sempre na esperança do amor da sua vida retornar e explicar para ela o que tinha acontecido, de tanto chorar a fogueira foi enfraquecendo até que em determinado dia se apagou totalmente.
Em uma noite o homem olhou na direção da fogueira que ficava La longe, mas que nunca havia esquecido, e não avistou mais seu clarão, resolveu ir ver mais de perto o que tinha acontecido, aproximando com muito medo notou que ela já não estava mais ali, só tinha restado um pó escuro apenas uma lembrança de alguém que foi seu grande amor.
O homem ficou sozinho até seus últimos dias naquela ilha, mas jamais esqueceu a fogueira que tanto amou, com o tempo os momento felizes que viveram juntos fizeram apagar da lembrança os momentos de dor.
Moral da Historia: Às vezes nos apaixonamos pela fogueira e ambos se machucam, pois cada um é o que é, existem essências que não podem ser mudadas, se o homem insistisse nesse amor e tentasse mudar a fogueira, talvez a mataria ou perderia o encanto que sentia por ela ou morreria queimado em seu abraço de amor, em determinado momento o ideal é deixar o amor que queima, que machuca que deixa cicatriz e que mesmo podendo nos matar, parece que nos faz feliz.Talvez por mais dolorida que seja o melhor caminho é contemplar sua beleza seu brilho nas noites escuras de longe, pois um dia as lembranças boas irão apagar toda a dor e as lembranças irão ficar guardadas em seu coração como uma feliz recordação.