Surto de felicidade! Acordei logo cedo,... Aldo Teixeira

Surto de felicidade!

Acordei logo cedo,
Abri a janela.
Minha vizinha Gabriela, gritou:
Liga o jornal, Dodo!
"Népussive", pensei.
Vi um gravata falando do surto nacional.
Falava com alarde:
Corram, antes que seja tarde.
Tem corintiano fugindo para marte,
Com medo da epidemia.
Fiquei muito preocupado,
Afinal, quem não ficaria?
No jornal dizia,
Que todo mundo estava contraindo a felicidade.
E que a cidade de Santa Rita,
Já estava em calamidade.
Os sintomas eram graves.
Alguns começaram a demonstrar amor na rua,
Outros passaram a olhar para Lua.
Para ser contaminado,
Não era necessário nem o contato.
Basta um sorriso de um desconhecido.
E pronto.
Tá contraído.
Remédio, na farmácia, hoje,
Só tem o tédio.
Mas não é recomendado para menores de 170.

Aproveito essa poesia,
Para pedir oração.
Meu caso hoje,
Afetou o coração.
O doutor não me deu esperança.
E disse, para meu alívio,
Que era essa a melhor herança
Que se podia deixar.
Mas que eu teria que aprender a conviver,
Teria que ser forte.
Que se eu tiver sorte,
A morte há de me esquecer!